O candidato a Presidente da República Henrique Gouveia e Melo criticou hoje, relativamente aos incêndios, escrutínios feitos a partir de uma "perspetiva negativista", quando questionado sobre uma eventual comissão de inquérito forçada pelo Chega. Ainda quanto ao combate aos incêndios, disse que o papel de um chefe de Estado é também ter um "olhar atento" e não "só dar recados".
"Todos os escrutínios são importantes. Agora, quando o escrutínio é para valorizar uma perspetiva negativista e não uma perspetiva de construção de um futuro, eu francamente não consigo ver utilidade nisso", disse hoje Gouveia e Melo no Porto, em visita à Feira do Livro.
Para o candidato presidencial, que foi questionado sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) potestativa (de caráter obrigatório), "é muito fácil, numa empresa, fazer parte da secção da demolição".
"O que é muito difícil é, nessa empresa, fazer parte da secção da reconstrução e da construção. Demolir é muito mais fácil que ter ideias construtivas e construir", advogou.
Segundo Henrique Gouveia e Melo, "a crítica é sempre muito fácil".
"O problema é como é que nós passamos da crítica para ações concretas, sistemáticas, persistentes no tempo, para daqui a sete ou oito anos não estarmos aqui", vincou.
O candidato presidencial disse ainda que "há muita coisa para fazer de forma diferente" no combate aos incêndios.
"Claro que pertence à governação, mas a Presidência tem também que ter um olhar atento e não é só dar recados, é ajudar a que este processo se consolide ao longo do tempo", considerou.
O almirante voltou a insistir que é necessária uma "melhor organização de recursos", rejeitando injetá-los "de forma desorganizada no sistema que depois, quando responde, também responde de forma desorganizada".
"Se olhar para o sistema de comando e controlo dos recursos quando estamos em ação é um sistema super-complexo, com muitas entidades, e com muitas entidades a responsabilidade também é diluída. No momento da ação nós não conseguimos coordenar uma ação rapidamente porque há muitos intervenientes, muita gente a mandar, muita confusão", assinalou.
Gouveia e Melo considerou ainda que a estratégia "não pode ser 'deixa arder' a floresta e protege-se só as casas", porque "a floresta é um património".
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