São "perdas que transcendem o imediato", com "um impacto muito grave", numa "crise de biodiversidade" e que afeta "espaços insubstituíveis", disse a ministra para a Transição Ecológica e o Desafio Demográfico, Sara Aagensen, durante uma audição no Senado (a câmara alta das Cortes espanholas).
Segundo os dados que avançou - e que são ainda provisórios ou estimativas -, dos mais de 400 mil hectares que os fogos já queimaram este ano em Espanha, 158 mil localizam-se na Galiza, 150 mil em Castela e Leão e 45 mil na Extremadura, as três regiões autónomas mais afetadas, todas na fronteira com Portugal.
Cerca de 160 mil hectares de "espaços naturais protegidos e da Rede Natura 2000" foram já afetados pelos fogos, os mais graves em Espanha em décadas, disse a ministra.
"As estimativas dizem-nos também que foram afetadas áreas críticas para a sobrevivência de 395 espécies em perigo de extinção, vulneráveis ou em regime de proteção especial, como o tetraz, em 2.400 hectares, a cegonha-preta, em 773 hectares ou o urso pardo, em 1.751 hectares", acrescentou.
Sara Aagesen destacou que 13 grandes incêndios continuam a ser combatidos no noroeste de Espanha e que só depois poderá ser feito um levantamento completo dos impactos no terreno.
No entanto, é já certo que há "impactos importantíssimos, muito graves, de máxima preocupação" em áreas como as dos parques naturais e nacionais, afirmou a ministra.
Sara Aagesen prometeu apoios para a recuperação das áreas ardidas e dos ecossistemas, um aspeto que, sublinhou, vai "mais além dos incêndios" e tem de ser permanente e contínuo, sobretudo atendendo aos efeitos das alterações climáticas.
"Precisamos de um pacto de Estado que ponha o foco num dos grandes desafios que temos pela frente, que são as alterações climáticas", defendeu, antes de sublinhar que afetam "todos os aspetos" da vida e da economia.
Sara Aagesen é um dos quatro ministros chamados de urgência ao Senado pelo Partido Popular (PP, direita, na oposição) para dar explicações, esta semana, sobre os fogos.
Os incêndios mataram quatro pessoas e já queimaram cerca de 400 mil hectares em Espanha em 2025, um recorde anual no país, de acordo com os dados, ainda provisórios, do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS), que tem registos comparáveis desde 2006.
O PP tem acusado o Governo de que não foram mobilizados de forma expedita os meios solicitados pelas regiões autónomas (a quem cabe coordenar o combate aos incêndios) ou que houve demora na ativação do mecanismo europeu de proteção civil.
O Governo, através de vários ministros, rejeitou as críticas e garantiu que, pelo contrário, se antecipou na ativação da ajuda nacional e europeia aos primeiros pedidos formais das regiões, permitindo, por exemplo, a chegada a Espanha, ao longo da semana passada, de meios de nove países.
Sara Aagasen disse hoje que todos os meios do Governo nacional estiveram sempre à disposição das regiões autónomas e apresentou uma cronologia da atuação de todas as equipas e equipamentos do Estado, como os 56 meios aéreos tutelados pelo ministério que dirige, que se somaram aos 17 meios próprios das regiões autónomas.
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