"Ninguém fez pela causa dos dois Estados o que fez este governo, até hoje", afirmou o número dois do Governo, Paulo Rangel, na Universidade de Verão do PSD, uma iniciativa de formação de jovens quadros, num painel intitulado "Um Mundo com mais radicalismos?".
Pelo contrário, disse, "pessoas que se afirmam os grandes defensores, tiveram oito anos para fazer o reconhecimento da Palestina e não fizeram", numa referência aos executivos do PS liderados por António Costa.
"O Bloco de Esquerda que vai nesta causa humanitária - louvável, com certeza -, estas pessoas tiveram influência seis anos sobre o governo socialista. Influência determinante. E elas fizeram alguma coisa? O que é que elas fizeram? É que é fácil falar quando está fora. Mas, quando se está no governo, essas pessoas não o fazem", criticou.
A coordenadora do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua vai integrar a Flotilha Humanitária que partirá esta semana para Gaza, visando entregar ajuda à população e romper o cerco israelita.
Para Paulo Rangel, as posições do PS e do BE nesta matéria podem até ser classificadas de populistas.
"O populismo é quando eu estou no governo, ou quando eu posso enfrentar o governo, não fui capaz de fazer nada, mas depois assim que vou para a oposição já faço coisas mirabolantes e sou o maior campeão e a campeã de tudo", disse.
O número dois do Governo reiterou que foi este executivo que revogou a licença para a exportação de armas para Israel, em abril de 2024.
"Curiosamente, pessoas que me criticaram já, por ainda não se ter feito o reconhecimento [do Estado da Palestina], a mim e ao governo, eram as pessoas que tinham lá essa autorização válida", disse, considerando que têm sido feitas críticas "profundamente injustas" ao executivo PSD/CDS-PP, bem como a si próprio e ao primeiro-ministro.
No mesmo painel, o antigo ministro socialista Nuno Severiano Teixeira, atual presidente da direção do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI), da Universidade Nova, disse ser "altamente favorável" a que Portugal reconheça o Estado da Palestina.
A este propósito, Rangel reiterou aquela que tem sido a posição do Governo, de que este reconhecimento "tem que ter alguma consequência útil", recordando que Portugal está a trabalhar com outros países com pensamento semelhante, como Grécia, Dinamarca, Bélgica, Holanda, Luxemburgo ou França.
"Eu tive seis encontros oficiais com o primeiro-ministro da Palestina. Nunca tive uma crítica do primeiro-ministro da Autoridade Palestiniana ao governo português, pelo contrário", salientou.
Também neste ponto, o ministro dos Negócios Estrangeiros lamentou que a comunicação social dê menos eco a quem tem "uma posição moderada" e "está a trabalhar no terreno para melhorar as condições".
"Estão todos sempre atrás de pessoas que agora vão num barco fazer uma coisa simbólica", acrescentou.
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