O antigo presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, saudou o Governo de Luís Montenegro por ter subscrito a declaração conjunta de 25 países que apelava ao fim da ofensiva israelita e à entrada de mais ajuda em Gaza, ainda que tenha considerado que a medida pecava "por tardia".
"Fez muito bem o Governo português em subscrever a carta dos 25 países que exigem a Israel o fim das operações militares em Gaza. A única crítica que podia ser feita à carta é pecar por tardia. Mas antes tarde do que nunca", escreveu, na rede social Facebook, na terça-feira.
O socialista salientou que o documento se traduz numa "condenação inequívoca do massacre que o governo de Israel está a cometer", por parte de países como a França, o Reino Unido, o Canadá, o Japão, a Austrália, a Itália e a Espanha, que "em nada diminui a importância da exigência da libertação incondicional dos reféns que o Hamas ainda mantém em seu poder".
"Agora, é aumentar a pressão para que a União Europeia suspenda a aplicação do acordo de associação com Israel. A diplomacia não pode ficar de braços cruzados perante a barbárie", disse.
Recorde-se que, também na terça-feira, o Hamas agradeceu a carta conjunta e solicitou "medidas práticas" para atingir os objetivos propostos.
"Instamos os Estados signatários a traduzir o conteúdo [do apelo] em medidas práticas para pôr fim à tragédia humanitária provocada pela ocupação na Faixa de Gaza, para exercer pressão direta e eficaz para travar a brutal guerra de extermínio contra o povo [palestiniano] e para garantir o fluxo imediato de ajuda humanitária", referiu o grupo, em comunicado.
Os Ministérios dos Negócios Estrangeiros de 25 países, incluindo de Portugal, Espanha, Reino Unido, Bélgica ou Canadá, pediram, numa declaração conjunta divulgada na segunda-feira, o fim da ofensiva militar israelita na Palestina e opuseram-se a qualquer alteração territorial ou demográfica na região.
O conjunto de países critica "o plano de colonização anunciado pela Administração Civil" que, "a ser aplicado, dividiria o Estado palestiniano em dois, constituindo uma violação flagrante do direito internacional e comprometendo gravemente a solução de dois Estados".
"A construção de colonatos em toda a Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, acelerou, enquanto a violência dos colonos contra os palestinianos disparou. Esta situação tem de acabar", acrescentam os signatários.
A declaração surgiu numa altura em que a Faixa de Gaza enfrenta um dos momentos humanitários mais críticos desde o início da ofensiva israelita, com o aumento vertiginoso do número de mortes por subnutrição e fome.
Os representantes dos 25 países em causa também manifestaram a sua oposição ao projeto de deslocalização de 2,1 milhões de palestinianos para Rafah - como foi recentemente defendido pelo Governo israelita - dado que a deslocação forçada permanente é uma violação do direito internacional humanitário.
Israel, por sua vez, rejeitou esta declaração e responsabilizou o Hamas pelos ataques contínuos na devastada Faixa de Gaza.
"Todas as declarações e reivindicações devem ser dirigidas ao único responsável pela falta de um acordo para a libertação de reféns e de um cessar-fogo: o Hamas, que iniciou esta guerra e a está a prolongar", afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel, em comunicado.
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