O presidente do Chega defendeu, esta sexta-feira, 27 de junho, que a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, "não devia ter entrado neste Governo", uma vez que já se sabia que tinha "feito uma má gestão dos serviços da Saúde".
"Se a ministra da Saúde foi tão lesta a dizer que aceitaria essa responsabilidade política o que nós esperamos agora é que tenha consequências e que retire essa consequência política. Mas isto não é só de agora. A senhora ministra da Saúde não devia ter entrado neste Governo porque já sabíamos que já tinha este tipo de responsabilidades e feito uma má gestão dos serviços da Saúde", atirou André Ventura, sobre a recusa da governante de se demitir, apesar da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) ter divulgado que a morte de um homem de 53 anos, a 4 de novembro de 2024, poderia ter sido evitada se tivesse sido socorrido num tempo mínimo e razoável.
Para o líder do Chega, é claro que Luís Montenegro tem também responsabilidade no caso.
"O primeiro-ministro entendeu que a devia reconduzir. Portanto, há aqui uma responsabilidade que é também do primeiro-ministro, não só em cobrir estas mortes, ao deixá-las sem responsabilidade, como também no sentido em que tem um perfil de má gestão já confirmado e insiste nesse perfil de má gestão", acrescentou o deputado.
Durantes as declarações feitas hoje, a partir da Assembleia da República, André Ventura anunciou que o partido vai "viabilizar todas as chamadas ao Parlamento da senhora ministra e do Governo" e vão "acompanhar que esse escrutínio seja feito, seja através de um inquérito, seja através de uma Comissão de Inquérito".
Promete ainda André Ventura, que o Chega não só irá viabilizará a proposta do Iniciativa Liberal (IL) para uma Comissão de Inquérito, como será "parte ativa da investigação".
Morte de homem de 53 anos podia ter sido evitada
Recorde-se que também o Partido Socialista (PS) também quer uma audição urgente da ministra da Saúde, Ana Paula Martins, depois de ter sido conhecido o relatório da IGAS.
A IGAS divulgou na quarta-feira que a morte de um homem de 53 anos, a 4 de novembro de 2024, poderia ter sido evitada se tivesse sido socorrido num tempo mínimo e razoável.
"Concluiu-se que a morte do utente poderia ter sido evitada caso tivesse havido um socorro, num tempo mínimo e razoável, que tornasse possível a evacuação da vítima através de uma Via Verde Coronária para um dos hospitais mais próximos, onde poderia ser submetido a angioplastia coronária numa das respetivas unidades hemodinâmicas", disse a inspeção-geral em comunicado.
De acordo com a IGAS, as conclusões do inquérito foram enviadas ao INEM, para que o conselho diretivo decidisse sobre a instauração de um procedimento disciplinar a uma técnica de emergência pré-hospitalar, por haver indícios da prática de conduta infratória na prestação de socorro à vítima, mas também sobre a manutenção da prestação de serviços a um médico, pela "gravidade dos factos praticados na prestação de socorro à vítima".
Este caso remonta a 4 de novembro de 2024, dia em decorreu, em simultâneo, duas greves - uma dos técnicos de emergência pré-hospitalar às horas extraordinárias e outra da administração pública.
A inspeção-geral abriu vários inquéritos para apurar a eventual relação entre 12 mortes e os alegados atrasos no atendimento Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM durante a greve.
À Lusa, o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) garantiu que vai seguir as recomendações da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS). "Dados os indícios, vai ser aberto um processo disciplinar para aclarar a situação e tomar as medidas proporcionais", asseguraram.
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