A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, garantiu que não fugirá às "responsabilidades" e, se for necessário, irá à Assembleia da República responder às questões dos partidos sobre a morte durante a greve do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), no final do ano passado, e confirmada na quarta-feira pelo relatório da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS).
"O Ministério da Saúde, de imediato, assim que conheceu o relatório, pediu ao INEM para seguir as recomendações da IGAS, que o INEM já estava em vias de fazer. Uma coisa é certa: nunca fugirei às minhas responsabilidades de natureza política, mas o que hoje aqui está em causa, através do relatório, que é o espaço certo para se fazer esta avaliação, é que não houve nenhuma relação entre a infeliz ocorrência e a greve do INEM", assegurou Ana Paula Martins, em declarações aos jornalistas, esta quinta-feira, em Lisboa.
Apesar da nova polémica, a ministra descarta a demissão e sublinha que continuará a "trabalhar sob liderança" do primeiro-ministro, Luís Montenegro.
"Não vou fazer mais comentários sobre este tema porque o relatório é muito claro. Convoco os jornalistas também, tal como fiz, a ler o relatório na íntegra. É muito importante para o futuro do INEM e todos nós. Estou sempre disponível, como é minha obrigação, para responder ao que a Assembleia da República quiser perguntar e continuarei a trabalhar sob liderança do meu primeiro-ministro", afirmou a ministra da Saúde.
O PS já fez saber que vai pedir a audição urgente da ministra da Saúde no Parlamento sobre o relatório da IGAS a propósito do INEM, considerando que é tempo de Ana Paula Martins "assumir as suas responsabilidades".
"Na sequência das notícias ontem [quarta-feira] conhecidas sobre o relatório que a IGAS tem vindo a desenvolver face aos trágicos acontecimentos na sequência de uma greve do INEM que o Governo não soube gerir, o PS vai chamar com caráter de urgência a senhora ministra da saúde ao Parlamento", disse aos jornalistas a deputada do PS Mariana Vieira da Silva.
Na opinião da socialista, é tempo de Ana Paula Martins "assumir as suas responsabilidades" e que "não se esconda".
Este caso remonta a 04 de novembro de 2024, dia em decorreram, em simultâneo, duas greves - uma dos técnicos de emergência pré-hospitalar às horas extraordinárias e outra da administração pública.
"Portugal não fica sem os helicópteros do INEM"
Sobre a questão dos helicópteros do INEM, Ana Paula Martins esclareceu que o país não ficará sem esta assistência aérea até que seja resolvida a impossibilidade do contrato para que os helicópteros possam voltar a operar, devido à falta de visto do Tribunal de Contas.
"Portugal não fica sem os helicópteros do INEM. A solução vai passar por trabalho em conjunto entre o Ministério da Saúde e o Ministério da Defesa, com as Forças Armadas, nomeadamente a Força Aérea", acrescentou.
Leia Também: Força Aérea assegura transporte de emergência médica a partir de julho