"Estou-me nas tintas se o Tribunal Constitucional nos dá credibilidade"

O líder do Chega, André Ventura, deu uma entrevista na sua semana de estreia como líder da oposição. Falou de justiça, da credibilidade dada pelo povo português ao partido - a "única" que lhe interessa -, e da eleição dos órgãos para a Assembleia da República.

André Ventura, Chega,

© Horacio Villalobos#Corbis/Getty Images

Teresa Banha
04/06/2025 23:53 ‧ há 2 dias por Teresa Banha

Política

André Ventura

O líder da oposição, André Ventura, defendeu, esta quarta-feira, que é precisa uma Constituição que proteja a Justiça, que haja separação de poderes e defendeu que esta área tem de ser escrutinada "democraticamente" mas também "ter a capacidade" de quando age "não pensar" nos partidos. "Isso é uma mudança de regime", atirou.

 

Na Grande Entrevista, programa emitido pela RTP3, Ventura afirmou que a justiça portuguesa é "passível de ser atacada por poderes políticos de má-fé", e 'chamou' o antigo primeiro-ministro José Sócrates como exemplo.

"Já vimos isso quando foi José Sócrates e com o Procurador-Geral da República. O caso Casa Pia é evidente disso, quando ouvimos escutas de António Costa a falar com [Eduardo] Ferro Rodrigues a dizer que se vai encontrar amanhã com o tal do Ministério Público, ou com o juiz tal. É a podridão absoluta do regime", considerou.

Ainda com este exemplo, Ventura afirmou que esse é um caso em que não se vê a interferência em si, mas sim a "tentativa de políticos que sabem que é fácil ou passível de interferir no curso da justiça."

Posso ser primeiro-ministro, Presidente da República, o que for: a mama tem de acabar em Portugal e bandidos têm de ir para a prisão. Serei exatamente igual

Para além da mudança de regime almejada pelo líder do Chega, foi também abordada a nova posição de Ventura como líder da oposição. Questionado sobre a situação, disse que iria exercer "com responsabilidade, mas sem perder o ADN [do Chega]."

"Há um estilo de oposição que é diferente. Não vou seguir estratégias à Pedro Nuno Santos, que é: era uma coisa, torna-se outro. Esta é pessoa em quem votaram para ser líder da oposição", garantiu.

Sendo depois confrontando sobre se seria mais moderado, falou sobre o seu discurso e posição sobre os subsídios dados pelo Estado, um tema sobre o qual tem falado desde que o Chega surgiu. "Disse [hoje] que tinha de acabar a mama e que os bandidos tinham de ir para a prisão, o que tenho dito a vida toda. E vou continuar a dizer. Posso ser primeiro-ministro, Presidente da República, o que for: a mama tem de acabar em Portugal e bandidos têm de ir para a prisão. Serei exatamente igual", respondeu.

Só me interessa a credibilidade de uma entidade: o povo português

André Ventura falou ainda acerca do resultado nas eleições legislativas, lembrando que o partido terminou com o bipartidarismo e defendeu que "o Chega não precisa que as instituições do regime lhe credibilizem, o Chega ganha credibilidade do povo português."

"Com todo o respeito, estou-me nas tintas se a RTP [e outros meios de comunicação], se a Provedoria de Justiça, se o Tribunal Constitucional nos dão ou não credibilidade. Só me interessa a credibilidade de uma entidade: o povo português", afirmou, quando questionado sobre a credibilidade.

Uma estreia marcada por "traição"?

André Ventura falou ainda acerca da eleições dos órgão da Assembleia da República, que aconteceu na quarta-feira e ficou marcada pela 'falha' de dois deputados do Chega na eleição.

Ventura falou em "traição", e o Partido Social Democrata questionou "de onde", garantindo que não houve incumprimento de qualquer acordo, e sugerindo que foi devido aos votos bancada do Chega que os deputados em causa não foram eleitos, sendo um destes Diogo Pacheco de Amorim, ex-vice-presidente da Assembleia da República na legislatura anterior.

À primeira curva do momento o PSD trai o Chega e chumba os seus candidatos. A matemática não engana

Era precisa responsabilidade e o Chega respondeu à chamada positivamente", garantiu, dizendo que o partido que lidera contribuiu para a eleição de José-Pedro Aguiar-Branco, naquela que foi a segunda maior votação da História do Parlamento. "À primeira curva do momento o PSD trai o Chega e chumba os seus candidatos. A matemática não engana", acusou novamente.

Pacheco de Amorim, recorde-se, admitiu em entrevista ao Observador, já esta quarta-feira, que deputados do Chega podem ter travado a sua eleição. Confrontando com a situação, Ventura retorquiu: "Mesmo que - e foi isto que Pacheco de Amorim quis dizer - um, dois ou três elementos do Chega não tivessem estado de acordo com a escolha, a matemática não engana. PS disse que deu indicação para se votar a favor dos nossos candidatos, PSD também disse que deu essa indicação. 89 ou 91 mais 58 não dá 113, nem 115. Significa que PS ou PSD nos traíram à primeira oportunidade"

Admitindo que, no entanto, os partidos podem não ter escolhido os nomes em questão dos três apresentados pelo Chega, Ventura lembrou que os únicos que tiveram 'luz vermelha' foram do Chega.

Sobre a reunião com o grupo parlamentar do Chega, que aconteceu hoje, Ventura disse que estava "a ponderar" sobre os nomes que irá apresentar novamente e disse que estava à espera que tanto PSD como PS viessem "dar explicação para esta traição, ou não vou deixar ver como traição."

Leia Também: Presidente da AR reeleito, mas 'vices' causam discórdia: "Traição"

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