Sem que nada o fizesse prever, o presidente da Iniciativa Liberal (IL), Rui Rocha, demitiu-se da liderança do partido no sábado à tarde, após cerca de dois anos e meio ao comando.
Como razões da saída, apontou o facto de a IL não ter atingido "a preponderância política" que desejava nas eleições legislativas realizadas no dia 18 de maio, uma semana depois de o ex-líder do partido João Cotrim Figueiredo ter assumido que o resultado "não satisfaz".
Durante o anúncio, Rui Rocha destacou ainda a "enorme intensidade política" dos dois anos e meio, com quatro eleições regionais, Açores e Madeira, umas eleições europeias e duas eleições legislativas, notando ainda as duas eleições internas do partido.
E acrescentou: "Olhando para os resultados eleitorais de 2025, tenho de sublinhar o facto de a Iniciativa Liberal não ter atingido a preponderância política que todos nós desejávamos. Desta vez, foi liberal para mais portugueses, mas não os suficientes para influenciarmos definitivamente a política do país. E, portanto, isso impõe o reconhecimento pessoal dessa circunstância e impõe que sejam tomadas decisões em função desse reconhecimento."
No final, agradeceu "a todos" os que o acompanharam e aos "portugueses que nestas eleições votaram e confiaram na Iniciativa Liberal".
Rocha foi "exemplo". Agora, IL quer sucessor com "candidatura agregadora"
A Iniciativa Liberal agradeceu a Rui Rocha pelo trabalho que fez nos últimos dois anos e meio, defendendo que o líder "consolidou" o partido como "quarta força política nacional num contexto político muito desafiante".
Além disso, a IL recordou que durante a liderança de Rocha "passou a estar representada em todos os parlamentos, obteve o seu melhor resultado de sempre em eleições de âmbito nacional nas Europeias de 2024 e o melhor resultado de sempre em legislativas em número de votos, em percentagem e em número de mandatos nas eleições de 2025. Ao mesmo tempo, o partido deu passos claros no sentido de uma gestão mais profissional, crescendo em número de membros".
Um dos ex-presidentes do partido, Carlos Guimarães Pinto, afirmou que Rui Rocha "cumpriu com dignidade a sua missão como presidente, num contexto político exigente e em circunstâncias pessoais particularmente difíceis" e deixou ainda um "abraço especial" à família do agora presidente demissionário, "pelos sacrifícios que fez para que o Rui pudesse dedicar-se ao cargo com a intensidade e a entrega com que o fez".
Já o ex-deputado e dirigente da IL Bernardo Blanco defendeu uma "candidatura agregadora" para a sucessão, agradecendo também a Rui Rocha o trabalho "com muito sacrifício pessoal" e sugerindo "uma reflexão estratégica para perceber" como é que o partido "pode crescer para resultados perto dos dois dígitos, como teve nas eleições europeias".
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, recusou comentar a demissão do presidente da IL, deixando por esclarecer se este cenário lhe foi transmitido na audiência que teve com o liberal na semana passada.
"Eu não comento as decisões, respeito os líderes partidários, quer daqueles que antes de irem a Belém e serem ouvidos sobre a situação e a indigitação do primeiro-ministro já tinham comunicado que iam cessar as funções, quer daqueles que decidiram depois", acrescentou Marcelo.
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