Não era uma ação de campanha, mas marcou o terceiro dia: no 51.º aniversário do partido, Luís Montenegro juntou ex-líderes sociais democratas como Aníbal Cavaco Silva e Pedro Passos Coelho num almoço em Lisboa.
"Eu até agradeço que esses antigos líderes participem na campanha do PSD porque fica mais claro o que é a natureza do PSD nesta campanha", disse logo durante a manhã o secretário-geral do PS.
Numa visita ao mercado de Leiria, Pedro Nuno Santos respondeu aos reforços social-democratas afirmando que o PS "dá ao mundo grandes líderes" e referiu António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, e António Costa, presidente do Conselho Europeu que -- acrescentou -- "compreendem que (...) não possam participar na campanha partidária".
Os convidados também não passaram ao lado dos restantes líderes da esquerda e a coordenadora do BE, Mariana Mortágua, que acordou de madrugada para acompanhar trabalhadoras por turnos nos transportes públicos, classificou como "caricato" que Cavaco Silva tenha defendido a ética do primeiro-ministro e que Passos Coelho surja na campanha para celebrar "reconciliação com os pensionistas".
Já Paulo Raimundo brincou, a propósito do encontro, antecipando que o almoço seria com "ementa que cheira à 'troika'", com batatas fritas de Bruxelas, salsicha alemã e uma sopa rala.
O líder comunista, que dedicou a agenda de hoje a questões ambientalistas ao lado de Heloísa Apolónia, parceira de coligação pelo Partido Ecologista "Os Verdes", disse ainda que, à semelhança daquele período em que o Governo era liderado por Passos Coelho, a fatura sobrará "sempre para os mesmos".
De visita a Sines, também o porta-voz do Livre Rui Tavares considerou que o almoço social-democrata mostra "as várias facetas que compõem a verdadeira face da direita", entre a austeridade, a arrogância e as forças de bloqueio, e alertou que uma maioria entre o "montenegrismo" AD e o "motosserrismo" da IL seria para ir mais longe do que a 'troika'.
A porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, que reservou a manhã para visitar associações de proteção animal no Porto, considerou que parecia "um regresso ao passado" num momento em que o país precisa de "olhos no futuro".
A entrada na campanha dos ex-líderes do PSD intensificou os ataques à AD, mas Luís Montenegro terminou o almoço com o apoio reforçado de alguns dos seus antecessores, como Durão Barroso, que não esteve presente, mas, numa mensagem enviada, defendeu que o país precisa de um primeiro-ministro com "integridade pessoal e experiência governativa" que reconhece ao atual chefe do Governo.
Manuela Ferreira Leite e Marques Mendes, por seu turno, salientaram que o país precisa urgentemente de estabilidade política, enquanto Passos Coelho pediu que o partido continue a sua "tradição reformista", sem responder se Luís Montenegro tem essas qualidades.
"Nós estamos muito entrosados no objetivo de estarmos à altura destes 51 anos de história do PSD, projetados para o futuro, responsabilidade, estabilidade e capacidade reformista", respondeu o presidente do PSD, que se manifestou confiante com o reforço da vitória de 2024.
É, por outro lado, no seu próprio partido que o presidente do Chega, André Ventura, vê a melhor representação das ideias de Pedro Passos Coelho e alertou o PSD que as pessoas preferem o original à cópia.
"Eu acho que quando chegar ao dia 18, no seu momento de ir votar, o doutor Pedro Passos Coelho irá dizer 'em quem é que eu vou votar e que melhor representa aquilo que eu digo'? O Chega e o dr. André Ventura", afirmou.
A partir de Viseu, também Rui Rocha, da IL, respondeu ao antigo primeiro-ministro, assegurando que os liberais terão o "ímpeto reformista" que Passos Coelho pediu à AD, que -- considera o liberal -- não trouxe "a mudança necessária" ao país.
Ainda durante a manhã, Rui Rocha tinha apontado o dedo a Luís Montenegro que "às vezes dispara da realidade" e "vê um país que não é o real", em particular na saúde, habitação e, mais recentemente, no crescimento económico.
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