Responsável pela pasta do Trabalho e da Segurança Social em diferentes governos do PS, José António Vieira da Silva esteve numa das sessões que os socialistas estão a promover, antecipando, em declarações aos jornalistas, "que decerto que o programa eleitoral do PS, honrando também a trajetória passada, irá valorizar" o aumento do salário mínimo nacional, "bem como acordos na Concertação Social que permitam novas metas para os salários".
O dirigente socialista identificou "sinais de preocupação" na atuação do atual executivo, que acusou de ter "desvalorizado completamente" a Estratégia Nacional de Combate à Pobreza.
"A ótica da pobreza apenas na lógica dos rendimentos não é suficiente e é necessário que a Estratégia Nacional de Combate à Pobreza seja efetivamente concretizada, que não seja escondida ou esquecida numa gaveta e que esteja no centro das preocupações do Governo de Portugal", defendeu.
O antigo ministro deixou alertas sobre os riscos para o sistema da Segurança Social, como os desafios demográficos e a modernização tecnológica.
"Mas também alguns riscos que nós podemos identificar nalguns passos que foram dados pelo Governo. Passos no sentido de questionar a sustentabilidade do nosso sistema de proteção social e de segurança social, eventualmente - o meu eventualmente é simpático - na ótica de favorecer a entrada do setor privado nesta importante área da nossa vida coletiva", acrescentou.
Segundo Vieira da Silva, esta "é uma das áreas mais apetecíveis" e o Governo do PSD/CDS-PP "abriu a porta àqueles que têm vindo a afirmar uma suposta crise da sustentabilidade da segurança social".
"E o Governo não foi capaz de, a seu tempo e de forma clara, contribuir para afastar essa dúvida (...) Portanto, as vozes que se ergueram dizendo que, afinal, se calhar não é tão sustentável quanto dizem, contribuem sempre para o alarme. E o alarme é talvez o maior inimigo do sistema de proteção social", lamentou.
Vieira da Silva considerou que o programa eleitoral do PS deverá incluir propostas para valorizar a concertação social, "não com medidas de fachada, mas com instrumentos que permitam melhor o papel dos sindicatos e das associações empresariais".
Questionado sobre a sua presença nestas sessões promovidas pelo líder do PS, Pedro Nuno Santos, de quem foi crítico em diferentes momentos, o antigo ministro respondeu que é militante do PS e que espera não deixar de ser.
"Estou aqui com toda a naturalidade e com prazer", disse.
Sobre a possibilidade de vir a assumir responsabilidades governativas, Vieira da Silva referiu que "essa parte da vida já ficou para trás".
"Agora qualquer contributo que me seja pedido, a este nível, de ajuda, não é apenas um prazer, é um dever e, portanto, estou aqui com toda a tranquilidade", acrescentou.
Questionado sobre a possibilidade de, destes debates, ter saído algum "ovo de Colombo" para incluir no programa eleitoral do PS, Vieira da Silva ironizou: "eventualmente. Mas os ovos vêm mais próximo da Páscoa e portanto eu hoje não vou apresentar nenhum".
[Notícia atualizada às 17h29]
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