Mais de um milhar de pessoas participou hoje nesta manifestação, com o lema "Paz no Médio Oriente, Palestina Independente", que começou no Martim Moniz e vai terminar no Largo José Saramago (antigo Campo das Cebolas), e em que as palavras de ordem mais ouvidas foram "Palestina vencerá" ou "Libertar a Palestina, acabar com a chacina".
O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, juntou-se à manifestação a meio da Rua do Ouro e defendeu que "a mensagem forte" que hoje se ouviu nas ruas de Lisboa "tem de fazer a diferença".
"É a exigência de que há que parar o massacre ao povo palestiniano que está a ser dizimado, massacrado, expulso da sua terra", disse Paulo Raimundo, que esteve acompanhado pela líder parlamentar, Paula Santos, e por vários atuais e antigos deputados do PCP.
Questionado sobre a atuação do Estado português, Paulo Raimundo defendeu que "tem de fazer mais, fazer ouvir a sua voz em todos os espaços onde está pela exigência do cessar-fogo".
"O Estado português tem a obrigação de cumprir a Constituição, apelar à resolução dos conflitos armados pela via política e fazer cumprir as resoluções das Nações Unidas de que é subscritor", defendeu, considerando que existe uma posição de "profunda hipocrisia, profundo cinismo" de vários Estados.
Na mesma linha, o dirigente do BE Fabian Figueiredo considerou que se exige ao Governo português "passar das palavras aos atos".
"Os milhares de pessoas que saíram à rua é isso que pedem: passar da diplomacia das palavras à diplomacia das ações e responsabilizar o Estado de Israel pelo massacre que está a provocar", disse.
O candidato a deputado por Lisboa defendeu ainda que o Estado português tem de deixar de "fazer negócios com quem está a lucrar com a guerra", dizendo referir-se às multinacionais que estão na lista da ONU como sedeadas em colonatos, apontando como exemplo a HP.
"Infelizmente, todos os dias há mais razões para sair à rua, há mais de 17.000 civis mortos, na sua maioria mulheres e crianças", frisou Fabian Figueiredo, apelando ao Governo português para que se "coloque de forma firme" ao lado do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que tem feito "apelos desesperados" para um cessar-fogo imediato.
A manifestação foi convocada pelo Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM), pela Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses -- Intersindical Nacional (CGTP-IN) e pelo Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC).
No início da manifestação, a secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, apelou ao fim dos bombardeamentos por parte de Israel para que seja possível a ajuda humanitária a Gaza, prometendo continuar os protestos enquanto aqueles se mantiverem.
"Há a necessidade de cessar-fogo imediato e resolução deste conflito pelas vias do Direito internacional e do cumprimento das resoluções das Nações Unidas, que preveem dois Estados, um Estado palestiniano independente, acabando com dezenas de anos de ocupação", apelou, dizendo que "o mundo não pode aceitar que continue a acontecer este genocídio".
No mesmo sentido, a presidente da direção do CPPC, Ilda Figueiredo, antiga eurodeputada do PCP, considerou inadmissível que dois meses depois "dos acontecimentos em Israel", que disse condenar -- uma referência aos ataques terroristas do Hamas de 07 de outubro -, Israel "continue a matar palestinianos", incluindo mais de 6.000 crianças.
"O mundo inteiro devia exigir que Israel pare esta chacina", apelou.
A manifestação decorreu de forma ordeira ao longo de cerca de hora e meia -- cruzando-se com muitos turistas e portugueses às compras de Natal na Baixa de Lisboa, que iam filmando e tirando fotografias -, dominando as bandeiras azuis e brancas do CPPC, mas também muitas da Palestina, com várias pessoas envergando os tradicionais lenços palestinianos.
O grupo islamita Hamas, classificado como terrorista pela União Europeia e pelos Estados Unidos da América, que controla a Faixa de Gaza, lançou em 07 de outubro um ataque sem precedentes em território israelita, no qual matou e raptou militares e civis, incluindo crianças.
Segundo o Governo israelita, o Hamas fez mais de 1.400 mortos em Israel e fez mais de 200 reféns.
As forças armadas de Israel responderam ao ataque do Hamas com bombardeamentos e o corte do abastamento de água, comida, eletricidade e combustível à Faixa de Gaza, onde vivem mais de dois milhões de pessoas, seguidos de uma ofensiva terrestre ao norte do território, que agora se estendeu ao sul.
A guerra entre Israel e o Hamas, que já completou dois meses e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 17.000 mortos, na maioria civis, e mais de 40.000 feridos, de acordo com o mais recente balanço das autoridades locais, confirmado pela ONU, e cerca de 1,9 milhões de deslocados, também segundo a ONU.
[Notícia atualizada às 17h30]
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