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"Coligação pré-eleitoral tiraria à IL ideia de capacidade reformista"

O líder da Iniciativa Liberal afirmou que "não há nenhum entendimento nem acordo" até serem conhecidos os resultados nas legislativas, mas que existe um "sentimento de responsabilidade" por parte do partido.

"Coligação pré-eleitoral tiraria à IL ideia de capacidade reformista"
Notícias ao Minuto

22:45 - 06/12/23 por Teresa Banha

Política Iniciativa Liberal

O líder da Iniciativa Liberal (IL), Rui Rocha, deu, esta quarta-feira, uma entrevista à CNN Portugal, onde falou sobre uma possível coligação pré-eleitoral com o Partido Social Democrata (PSD), como meio para construir uma alternativa à Direita.

"Essa alternativa ao Partido Socialista constrói-se mais forte se cada um dos partidos apresentar as suas propostas. Portanto, a possibilidade de cada um dos partidos apresentar os seus candidatos, o seu programa, as suas ideias para o país atrai mais gente, mais eleitores, para o espaço não socialista. É essa a nossa aposta", defendeu, acrescentando que "nada impede" que o PSD apresente também as suas propostas, algo que pode mesmo "fortalecer o espaço não socialista".

"Há muitos comentários sobre a hipótese de uma coligação pré-eleitoral, mas não há nenhum estudo que demonstre a bondade dessa solução - pelo contrário", apontou.

Confrontado com a possibilidade de, juntamente com o PSD e o CDS, poder alcançar mais deputados, Rui Rocha apontou que "essa é a visão aritmética, mas depois há a posição política que diz que a Iniciativa Liberal conseguiu atrair ao longo destes poucos anos de vida muitos eleitores que estavam desanimados com os partidos tradicionais e, portanto, uma coligação pré-eleitoral tiraria à Iniciativa Liberal esta ideia de novidade, frescura, de capacidade reformista".

Rui Rocha falou ainda sobre um dos compromissos do partido, quando questionado sobre uma eventual coligação após os resultados das legislativas serem conhecidos. "É o compromisso de sermos uma locomotiva dessa transformação num eventual entendimento. Não há nenhum acordo nem entendimento feito nesse sentido. O que há é o sentido de responsabilidade da Iniciativa Liberal", explicou.

Rui Rocha apontou que depois de cumprido o primeiro objetivo, que é "derrubar o Partido Socialista", o partido estará "absolutamente disponível para entrar numa negociação que leve a que exista uma solução política que mude o país - e para melhor".

(Ainda) o PSD, as exigências... e o Chega? "Não é não"

Questionado sobre se perante a possibilidade de fazer parte de uma eventual solução de Governo o partido já tem as suas exigências marcadas, Rui Rocha foi perentório na enumeração: "Desde logo uma mudança do sistema eleitoral. Há demasiados votos que se perdem em Portugal. Há 700 mil votos que foram perdidos na última eleição. Não podemos admitir que haja portugueses de 1.ª e de 2.ª do ponto de vista eleitoral".

Neste âmbito, Rui Rocha falou ainda sobre exigências ligadas ao acesso à saúde, dado que há situações "inaceitáveis" em Portugal. "Temos 39 urgências de hospitais condicionadas ou encerradas neste momento. Temos idosos às portas do centro de centros de saúde às 4 horas, com mantas", apontou. O liberal considerou que a IL também era "mais ambiciosa" na transformação do país no que diz respeito á descida de impostos.

Rui Rocha referiu que a visão da IL para a transformação do país de que fale passasse pela "exigência de cargos", ou seja, pela exigência de ter ministros liberais numa eventual coligação pós-eleitoral com o PSD. "Não é aquilo que nos move. Fará sentido se a solução política que daí resultar for mais forte por causa disso. Mas não é um ponto essencial", atirou.

Questionado sobre a possibilidade de o líder social-democrata voltar atrás com a palavra e, em caso de necessidade, incluir o Chega num acordo pós-eleitoral, Rui Rocha foi muito claro. "A Iniciativa Liberal não salta fora porque a IL está fora de um acordo dessa natureza. Fomos muito claros quanto a isso. Manteremos a nossa posição. Não é não", disse, referindo que "há outras opções de governabilidade que não pressupõem esse entendimento [com o Chega]".

"Iniciativa Liberal vai crescer"

Tendo em conta o "carisma" do seu antecessor, João Cotrim de Figueiredo, que levou o partido até à Assembleia da República, Rui Rocha foi questionado sobre se tinha receio de que fosse penalizado na hora de ir às urnas, não atingindo assim o objetivo de superar a votação que a IL teve até agora. "Tenho uma firme convicção de que a Iniciativa Liberal vai crescer [...]. Queremos que o país cresça. Não faria nenhum sentido que o partido que quer que o país cresça depois não fosse ambicioso também nos seus objetivos. Acredito nas propostas que temos para o país, acredito que conseguimos desafiar o país para uma ambição que hoje falta no país. Quero muito que a Iniciativa Liberal se apresente aos portugueses com propostas desafiantes, valorizando o sucesso do país. Temos de devolver confiança e energia de acreditar no país aos portugueses", defendeu.

Sobre qual será o objetivo eleitoral para 10 de março, Rui Rocha apontou que era ambicioso, mas que teria de ser discutido, em primeira mão, com os órgãos do partido. "O número de deputados [que pretende eleger] será estabelecido seguramente, mas não é ainda ao momento de o revelar", atirou.

Crise política e caso das gémeas enfraqueceram o Presidente da República?

Rui Rocha foi ainda questionado sobre se o Presidente da República era hoje um Presidente enfraquecido, depois de, no mês passado, o líder dos liberais ter dito que "não conseguimos influenciar o Presidente da República para que fale menos".

A pergunta foi direcionada no âmbito desta crise política e no caso das gémeas que receberam um tratamento hospitalar no hospital Santa Maria. "Aquilo que o Presidente da República diz é que, neste caso concreto, não teve interferência no resultado da prática de um tratamento - que temos de perceber se ocorreu de favorecimento ou não. A pergunta que temos de fazer é claramente a seguinte: 'Se não houve interferência do Presidente da República, aquele tratamento decorreu de um favorecimento ou não?'. Segunda pergunta: 'Quem o fez?'. Amanhã vamos discutir no Parlamento um requerimento feito pela IL para levar à comissão Marta Temido e Lacerda Sales. Nós queremos que vão à Comissão qual foi a sua participação, se é que há alguma, para esclarecermos isto".

Ainda quanto a esta caso, Rui Rocha apontou que "espera que o PS", assim como outros partidos, não impeçam que os ex-governantes sejam ouvidos.

"Creio que vivemos num momento particular, que é um momento de enfraquecimento de instituições no seu conjunto. No final do dia, todas as instituições saem mal", respondeu, quando questionado novamente sobre um possível enfraquecimento do Presidente da República.

[Notícia atualizada às 23h28]

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