Meteorologia

  • 20 SEPTEMBER 2024
Tempo
18º
MIN 17º MÁX 23º

"Otimista falhado" em "contramão". Reações à entrevista de António Costa

Os diferentes partidos com assento parlamentar reagiram às palavras do primeiro-ministro, na noite de segunda-feira.

"Otimista falhado" em "contramão". Reações à entrevista de António Costa
Notícias ao Minuto

08:50 - 03/10/23 por Notícias ao Minuto

Política Reações

António Costa esteve em entrevista ao programa Town Hall, da CNN Portugal, na noite de segunda-feira. Anunciou o fim da taxa especial para novos residentes não habituais e o aumento do ordenado mínimo para lá de 810 euros já a partir de janeiro.

Pouco a pouco, os diferentes partidos com assento parlamentar foram reagindo às palavras do primeiro-ministro, alguns com elogios, outros (a maioria) com críticas, da Esquerda à Direita.

Primeiro-ministro "profundamente realista" e "determinado"

A representar o Partido Socialista, o secretário-geral adjunto do partido, João Torres, disse que esta entrevista mostrou um primeiro-ministro "profundamente realista" e "determinado em responder aos problemas conjunturais, que resultam em grande medida de adversidades externas" e em "cumprir o programa do Governo".

À CNN Portugal, João Torres comentou que esta entrevista aconteceu "num contexto relativamente ingrato, atendendo a que o Orçamento de Estado para 2024 será apresentado na Assembleia da República no dia 10 de outubro". Isto após ter sido questionado sobre o porquê de António Costa ter hesitado em apresentar compromissos do Governo para o IRS, remetendo para a apresentação da proposta do OE2024.

"Uma resposta que me parece muito objetiva, correta e rigorosa á proposta que o PSD fez é explicar ao PSD que, no ano de 2023, o IRS já baixou, porque o IRS do segundo escalão baixou 2 pontos percentuais", argumentou ainda o socialista, defendendo que "com as regras que estão em vigor" os portugueses pagarão menos 2 mil milhões de euros em IRS do que pagariam.

"Falta de adesão é gritante"

Hugo Soares, secretário-geral do Partido Social-Democrata (PSD), reagiu à entrevista do primeiro-ministro, também em declarações à CNN Portugal, acusando-o de ter uma "falta de adesão gritante ao país".

"Tivemos um primeiro-ministro que era uma espécie de carro em contramão numa autoestrada. A falta de adesão ao país é gritante", começou por criticar, acusando Costa de "negar praticamente os problemas que existem" e de "escamutear o facto de governar há 8 anos". "Parece que chegou agora", ironizou.

Hugo Soares passou depois ao setor fiscal, confessando não ter "convicção nenhuma" que António Costa "vá adotar alguma das propostas do PSD", até porque "eram para descer os impostos já, no ano de 2023". "As pessoas vivem realmente em dificuldades e há condições de baixar o IRS já. Estou absolutamente convencido que para o OE2024 vai haver descidas ligeiras nas taxas do IRS. Agora, ouvir o primeiro-ministro falar em descidas de impostos desde 2015 é um descolar completo da realidade", continuou.

"Onde é que andou António Costa durante oito anos?"

"António Costa deu razão à moção de censura do Chega", começou por reagir Pedro Pinto, líder parlamentar do Chega, à entrevista do primeiro-ministro, que acusou de não ter soluções para o país.

"Caso gritante"? As taxas do IRS. "Quando temos um país com excedente orçamental, com os cofres cheios e temos um povo na miséria, sempre à espera da esmola do Governo...", lamentou.

O líder parlamentar do Chega falou do setor da habitação e da saúde, questionando: "Mas onde é que andou António Costa durante oito anos? Acordou agora?"

Costa "deixou de ser o otimista irritante" e passou a ser "um otimista falhado"

Pela Iniciativa Liberal, o líder parlamentar Rodrigo Saraiva disse que a hesitação de António Costa em apresentar eventuais compromissos sobre o IRS "não surpreende". "Andamos há muitos anos a dizer que é preciso baixar e simplificar o IRS, para que os portugueses, independentemente da sua idade e da sua situação, tenham dinheiro no bolso", argumentou.

Rodrigo Saraiva ironizou ainda: "Há uma novidade que deve ser dada ao próprio António Costa, é que ele é primeiro-ministro há 8 anos de um partido que governou Portugal em 21 dos últimos 28 anos. A certa altura, parecia que estava a ser entrevistado alguém que tinha chegado há pouco tempo à governação."

Para o líder parlamentar liberal, que falava à CNN Portugal, o primeiro-ministro "deixou de ser o otimista irritante" e passou a ser "um otimista falhado" e "um primeiro-ministro completamente alheado daquilo que é a realidade".

"Fé" e "propaganda"

À mesma cadeia televisiva, João Oliveira, do Partido Comunista Português (PCP), acusou a entrevista de António Costa de ter sido "um misto entre propaganda e exercício de fé".

"Propaganda" porque, argumentou o comunista, Costa "procura desfazer a ideia de que os problemas que existem, existem mesmo" e, "noutras circunstâncias, parece dizer que os problemas existem, mas o Governo está a atacá-los e, portanto, tudo se resolverá". "Isto só pode ser compreendido com o objetivo de propaganda destinada a esconder a realidade e a agigantar as medidas do Governo, como se fossem realmente capazes de resolver os problemas", criticou.

João Oliveira falou também em "exercício de fé", porque "o primeiro-ministro continua a insistir em opções que já revelaram ser absolutamente ineficazes e incapazes de resolver os problemas".

"Vamos ter uma corrida à borla fiscal, e às casas"

A coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, recorreu à rede social X (antigo Twitter) para reagir à entrevista de António Costa, debruçando-se principalmente sobre o fim do regime fiscal especial para residentes não habituais.

"O primeiro-ministro admite finalmente que o regime para residentes não habituais já cumpriu o seu papel: inflacionar o preço das casas", começa por criticar Mariana Mortágua.

A líder bloquista deixou ainda um alerta na mensagem publicada na noite de segunda-feira: "Se entre o anúncio e a concretização do fim do regime passar tanto tempo como nos vistos gold vamos ter uma corrida à borla fiscal, e às casas."

"Deixa de fora a empatia"

Inês de Sousa Real, porta-voz do e deputada única do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), começou por reagir com uma mensagem na rede social X (antigo Twitter).

"Perante a pergunta que confronta o baixo valor do salário mínimo em Portugal e o custo elevado da habitação, António Costa responde apenas com números, percentagens e dinâmicas de crescimento. Deixa de fora a empatia e a capacidade de reconhecer que há pessoas a viver muito mal", disse.

Leia Também: Da habitação à saúde, da educação à economia. Tudo o que disse Costa

Recomendados para si

;
Campo obrigatório