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"Um ministro que manifeste falta de bom senso tem de ser demitido"

O antigo Presidente da República, que já foi também primeiro-ministro, defende, em entrevista publicada esta sexta-feira, que um ministro que manifeste "falta de bom senso", "atitudes mentirosas", falta de lealdade e "linguagem que reflita má educação" deve ser demitido.

"Um ministro que manifeste falta de bom senso tem de ser demitido"

O antigo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, considera que "muitos problemas que têm surgido em Portugal com ministros resultam da falta de bom senso" e defende que um governante que "manifesta constantemente falta de bom senso" deve ser demitido.

Numa entrevista ao Nascer do SOL, publicada na íntegra na edição em papel do jornal, o também antigo primeiro-ministro afirma que a "competência política e a competência técnica para perceber os assuntos do ministério" são essenciais para qualquer ministro, mas há outra que considera "fundamental: o bom senso".

"Eu acho que muitos problemas que têm surgido em Portugal com ministros resultam da falta de bom senso. Os ministros com bom senso têm já 50% conquistado para terem sucesso", sublinha.

"Acho que se um ministro manifesta constantemente falta de bom senso, que tem atitudes mentirosas com frequência, que não é leal com o primeiro-ministro, que tem uma linguagem que reflete má educação, insultuosa para com os adversários, jornalistas ou outros agentes… Com um ministro nessas condições, o primeiro-ministro tem de esquecer todas as ligações pessoais, todo o relacionamento que tem ou que teve, e propor ao Presidente da República a sua exoneração", acrescenta.

O social-democrata, que lançou recentemente o livro intitulado 'O Primeiro-ministro e a arte de Governar', explicou ainda por que razão considera que uma "remodelação ministerial é a tarefa mais difícil do primeiro-ministro", algo que defendeu na apresentação da obra, na passada sexta-feira.

"É um momento de grande solidão para um primeiro-ministro. É ele sozinho a pensar, na sua casa ou no seu gabinete, se deve ou não fazer uma remodelação. Muitas vezes não é porque A, B ou C esteja a atuar muito mal mas porque é preciso refrescar o governo, é preciso dar um novo impulso. Talvez uma imagem de mudança", justifica, acrescentando que a escolha fica mais "limitada" consoante os anos de governo. 

Defendendo que a autoridade política de um primeiro-ministro se conquista nos Conselhos de Ministros, Cavaco Silva afirma que "um ministro que viole a confidencialidade e ponha em causa publicamente aquilo que foi decidido pelo próprio Conselho [de Ministros]" terá de ser demitido.

"O primeiro-ministro tem de ter a coragem de o demitir", sublinhou, ressalvando, contudo, que "não está a analisar nenhum primeiro-ministro português", nem a ele próprio nem aos que se seguiram. 

Sublinhe-se que já na apresentação de 'O Primeiro-ministro e a arte de Governar', Aníbal Cavaco Silva fez questão de frisar que o livro não foi influenciado pelos "acontecimentos políticos dos últimos oito meses".

"Também me enganei e cometi erros", admite ainda o antigo chefe de Estado, confidência esta que contrasta com a famosa afirmação que lhe é sobejamente associada. Por fim, na mesma entrevista ao Nascer do Sol, Cavaco Silva partilha uma preocupação relativamente aos mais jovens. "A minha sensação é que, enquanto há 10 ou 15 anos se dizia que os nossos filhos iam viver melhor do que nós, agora, o que se diz, é que os nossos filhos vão viver pior do que os pais”.

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