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Decisão do BCE é "revoltante". "As famílias estão a ser esfoladas"

A socialista Ana Gomes fez duras críticas à decisão do BCE, acusando a instituição liderada por Christine Lagarde de colocar em risco a democracia europeia e de encher os cofres dos bancos.

Decisão do BCE é "revoltante". "As famílias estão a ser esfoladas"
Notícias ao Minuto

08:30 - 18/09/23 por Notícias ao Minuto

Política Ana Gomes

O aumento das taxas de juro pelo Banco Central Europeu (BCE) continua a gerar muita indignação e Ana Gomes juntou-se ao coro de críticas, acusando o banco de tomar medidas "contraproducentes" e de prejudicar as famílias por toda a Europa.

No seu espaço de comentário na SIC Notícias, a antiga eurodeputada e candidata presidencial vincou que a decisão do BCE não é uma "receita adequada", explicando que os instrumentos clássicos de política monetarista não vão funcionar com o tipo de inflação que se tem verificado.

"Esta não é uma inflação que se possa combater com um instrumento clássico da política monetarista, que é caso de quando a inflação é desencadeada pela procura; esta é uma inflação que resulta de problemas na oferta, tem a ver com as disrupções na cadeia de abastecimento, particularmente agravadas pela guerra", afirmou.

Para a antiga diplomata, aumentar as taxas de juro pela 10.ª vez em 14 meses é "contraproducente e revoltante, porque isto é transferir dinheiro das famílias, dos cidadãos, de quem trabalha, para os bancos e para os grandes grupos económicos que estão a fazer lucros fabulosos".

"Estão a fazer, por outra forma, aquele que disse que energúmeno do bilionário Tim Gurner, que esta semana veio dizer que era preciso passar o nível de desemprego para 40%, porque os trabalhadores 'tinham de aprender' e que não podia contar este 'forrobodó'. É isto que está a fazer o BCE, por outras palavras menos boçais, e os governos escondem-se atrás do BCE e de uma suposta independência técnica do BCE quando, obviamente, ela não existe, é uma balela", atirou a comentadora.

Ana Gomes reiterou que, a manter-se as medidas atuais, quem sairá mais prejudicado é a classe média europeia, em particular a portuguesa, e irá contribuir ainda mais para o aumento da extrema-direita a nível europeu.

"Nós estamos a ser esfolados. Nós, os cidadãos, as famílias, estamos a ser esfolados por uma política que é revoltante, que é indigna e que é contraproducente porque, em última análise, não só virará os cidadãos contra os governos", sublinhou, considerando que, a cerca de nove meses das eleições europeias, isto "é para destruir a Europa e o modelo social europeu".

Para contrariar estas medidas, Ana Gomes pediu que sejam criadas medidas para "intervir na oferta e naquilo que desencadeia os problemas na oferta", deixando ainda uma crítica às instituições europeias, inclusive ao PSD.

"O governo português fez saber que não estava de acordo, incluindo pela boca de Mário Centeno, do Banco de Portugal, e do próprio ministro das Finanças, Fernando Medina... Mas amocham. E aqui a oposição, olhe, nós nem sabemos qual é a posição do PSD nesta matéria. E eu temo que, à semelhança do passado, se o BCE diz 'mata', o PSD diz 'esfola-nos'", disse.

Após a decisão do BCE, o ministro das Finanças anunciou que o Governo estava a preparar um mecanismo para criar estabilidade, divulgando ainda o alargamento da bonificação de juros no crédito à habitação.

Leia Também: Lagarde promete baixa inflação "em tempo útil". "Missão é estabilidade"

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