A deputada Joana Cordeiro, da Inciativa Liberal, acusou hoje o Governo de nada fazer em nome do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e disse que continua sem se perceber quem é que manda na saúde em Portugal - se o ministro Manuel Pizarro, se Fernando Araújo, diretor executivo do SNS.
A deputada liberal, num discurso no Parlamento, começou por afirmar que a situação do SNS em Portugal "é crítica".
"Se há precisamente um ano o diagnóstico do SNS estava feito por parte da IL, neste momento, o diagnóstico é pior. O SNS já não está só em SOS, o seu estado já não é só crítico. É de emergência", afirmou.
Numa interpelação ao Governo promovida pela IL sobre o atual estado do SNS, a deputada liberal salientou que, passado um ano sobre um debate sobre o tema, os problemas deste serviço público "mudaram, mas para pior", caso das "quase 1,8 milhões de pessoas sem médico de família atribuído".
"Que o digam as pessoas que continuam meses, ou mesmo anos, à espera de uma consulta ou de uma cirurgia. Que o digam as pessoas que batem com o nariz na porta dos serviços de urgência quando estão encerrados", referiu Joana Cordeiro.
Lembrando que o partido apresentou várias propostas - "todas elas aprovadas e articuladas entre si" que tinham ajudado a "salvar o SNS" -, a deputada acusou o Governo de ter recusado todas. Assim, atirou, a reforma do SNS tão "prometida pelo Governo tem sido adiada".
"O Governo PS e a esquerda que batem no peito a dizer que são defensores do SNS, estão de braços caídos quanto aos profissionais e utentes", criticou, reforçando que "o SNS já não existe".
"Temos uma entidade abstrata a que chamamos SNS, que não esta adequada aos dias de hoje. Uma entidade que não se articula, entidade que não responde a tempo e horas às necessidades das pessoas", referiu, prosseguindo desta vez com criticas ao ministro da Saúde.
Joana Cordeiro afirmou que após a demissão de Marta Temido "se contratou outro ministro, no qual se criaram esperanças". Porém, atirou, com Manuel Pizarro só se tem "visto é a criação de confusões".
A deputada acusou a direção executiva do SNS de agir como quem "quer, pode e manda", não se percebendo "quem é o verdadeiro ministro da saúde, se o Dr. Pizarro, se o Dr. Fernando Araújo" a quem acusou de agir de forma "ditatorial".
"O Governo continua sem estratégia e coragem para tomar as medidas necessárias", disse a liberal, defendendo que que é preciso um SNS que não seja "centrado no Estado mas nas pessoas".
"Disparate político", responde ministro da Saúde
Na resposta, o ministro da Saúde considerou ser um "disparate político" afirmar que o SNS já não existe, alegando que realizou, nos primeiros cinco meses deste ano, "355.622 cirurgias", mais 12% do que no mesmo período de 2022.
"O serviço está melhor, está a produzir mais, está a produzir mais graças aos profissionais do SNS", assegurou Manuel Pizarro.
Segundo o governante, 73% dos operados nos hospitais públicos realizaram a sua cirurgia dentro do tempo médio garantido, uma percentagem que "está a aumentar".
Além disso, entre janeiro e maio deste ano, o SNS realizou 26.339 partos, mais 711 do que no ano anterior, adiantou ainda o ministro, para quem o SNS em março "já fez mais partos do que o privado no ano de 2022 inteiro".
"No SNS não escolhemos a condição social das pessoas para as tratar, não as transferimos para outro hospital quando acaba o cartão do seguro. Eu tinha muita vergonha se alguma vez um hospital do SNS tivesse 70, 80, 90 ou 100% de partos por cesariana", afirmou Manuel Pizarro.
"Eu percebo bem o nervosismo da bancada da IL, não gosta que lhes ponham a careca à mostra na sua demagogia quanto ao SNS", salientou ainda Manuel Pizarro.
[Notícia atualizada às 14h54]
Leia Também: SNS gastou 170 milhões com prestadores de serviços médicos em 2022