A ainda dirigente do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, referiu esta terça-feira, em entrevista à CNN Portugal, que "ou o Governo tem uma grande reorganização", em termos de "protagonistas" e, também, de "decisões políticas", ou o país tem "uma situação mesmo muito complicada de degradação continuada".

Na sequência da polémica recente envolvendo o ministro das Infraestruturas, João Galamba - que viu o seu pedido de demissão ser recusado pelo chefe do Governo, António Costa, apesar de uma posição contrária por parte do Presidente da República -, a deputada confessou ter a "esperança vã de que o primeiro-ministro, tendo feito agora este número para neutralizar" Marcelo Rebelo de Sousa, "perceba que precisa de fazer uma mudança no Governo entretanto".

Sobre este Governo de maioria absoluta, que tem ficado marcada por muitas outras polémicas, a bloquista considerou ainda que, "às vezes, falar demais dos casos faz com que se fale pouco da política, das decisões para a vida das pessoas". 

"Mas a verdade é que chegámos a um momento do Governo em que a persistência, por exemplo, da mentira significa falta de transparência da democracia", acusou Catarina Martins.

No seguimento desta ideia, a ainda líder do Bloco de Esquerda considerou que o Governo está tem optado por "empurrar os problemas para a frente, e depois enredar-se em mentiras para tentar justificar as coisas". O que, na sua ótica, "descredibiliza a democracia".

Sobre o tema, a deputada defendeu também que Portugal necessita de "um Governo que possa ter credibilidade junto do país".

Acerca de uma eventual dissolução da Assembleia da República (e do Executivo), Catarina Martins disse apenas não saber "se este é o momento para o fazer".

No que toca à atuação do Executivo de António Costa em matéria de políticas, a bloquista também teceu críticas. "Temos, de momento, um Governo com uma capacidade orçamental invejável face a outros Governos. E decidiu não resolver nenhum problema de carreiras na Função Pública, por exemplo, que está a paralisar a saúde, a educação e a justiça, ou seja, vários setores", acusou a deputada.

Catarina Martins anunciou, em fevereiro passado, que não se recandidataria à liderança do Bloco de Esquerda, após 10 anos no cargo. O novo líder será agora escolhido na próxima convenção do partido, agendada para os dias 27 e 28 de maio, no Complexo Desportivo Municipal do Casal Vistoso, em Lisboa.

A deputada Mariana Mortágua, que já anunciou a sua candidatura, é o nome provável para suceder a Catarina Martins na liderança do partido.

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