Face às acusações proferidas pelo líder do Partido Social Democrata (PSD), Luís Montenegro, quanto à falta de um parecer jurídico para fundamentar a demissão da CEO e do presidente do Conselho de Administração da TAP, o secretário-geral adjunto do Partido Socialista (PS), João Torres, acusou o social-democrata não só de faltar “reiteradamente à verdade”, como de “inventar manobras de diversão a todo o custo”. Atirou, nessa linha, que “o PSD está, hoje, transformado aos olhos de todos num vazio de ideias”, apontando que “Luís Montenegro está absolutamente desesperado pela impreparação que todos lhe reconhecem”.
“Lamentavelmente, o PSD está, hoje, transformado aos olhos de todos num vazio de ideias, e o doutor Luís Montenegro está absolutamente desesperado pela impreparação que todos lhe reconhecem”, disse João Torres, em conferência de imprensa na sede do PS, em Lisboa.
Dirigindo-se diretamente ao líder social-democrata, o secretário-geral adjunto do PS atirou que o “desespero é mau conselheiro”, indicando que Montenegro “deve ter a responsabilidade de assumir o papel que lhe compete – o papel de líder da oposição”.
O responsável acusou ainda o presidente do PSD de ter proferido, esta sexta-feira, “novas declarações absolutamente inaceitáveis – aliás, como é seu apanágio da liderança do PSD”, lançando que este “falta reiteradamente à verdade perante os portugueses”.
“Falta à verdade sobre o crescimento económico, falta à verdade sobre o alegado empobrecimento do país, engana os portugueses no que diz respeito à carga fiscal. E agora, mais recentemente, tenta produzir artificialmente a cada dia que passa um novo facto político com a comissão parlamentar de inquérito à TAP. É bom lembrar que o PS votou favoravelmente à criação esta comissão, que podia ter inviabilizado na Assembleia da República”, disse.
João Torres não se ficou por aqui, lançando que “é hoje nítido que o PSD tem falhado todos os seus objetivos em relação ao seu trabalho nesta comissão e, por isso, não lhe tem restado uma outra alternativa senão a de inventar manobras de diversão a todo o custo” que, na sua ótica, visam “ocultar a ruinosa privatização da TAP que um Governo do PSD operou à 25.ª hora no momento de saída do Governo, sendo esta uma matéria sobre a qual ainda não prestou os devidos esclarecimentos”.
O secretário-geral adjunto do PS mostrou-se taxativo, afirmando que, atualmente, o PSD “não tem nada para propor ao país, não tem nenhuma resposta ou alternativa para os problemas que coletivamente enfrentamos, não tem nada de criativo, ambicioso ou original para propor ou apresentar à sociedade portuguesa”, enquanto, por outro lado, o Governo tem disponibilizado “toda a informação solicitada até ao momento, inclusivamente tornando público o relatório da Inspeção-Geral de Finanças”.
Montenegro "não deveria querer substituir-se à comissão parlamentar de inquérito"
“O Governo seguramente continuará a colaborar, como é sua obrigação, com a Assembleia da República nos trabalhos, e tem-no feito com total transparência, tendo também já afirmado que, no final, analisará as suas conclusões. É assim que deve ser e não poderia ser de uma outra forma”, complementou, adiantando que "o primeiro-ministro tem o sentido de líder institucional que o líder do PSD manifestamente não tem revelado aos portugueses".
Na verdade, abordando as considerações de Montenegro de que António Costa terá de falar ao país, João Torres argumentou que, "ao Governo e ao primeiro-ministro, cabe respeitar os trabalhos da comissão parlamentar de inquérito e não comentar cada audição, cada documento ou cada proposta", sentido que o líder do PSD também deveria de ter.
"O doutor Luís Montenegro deveria de ter o mesmo sentido de respeito pela Assembleia da República e não deveria querer substituir-se à comissão parlamentar de inquérito, o que tem feito vezes sem conta, usando como arma de arremesso político um importantíssimo instrumento de fiscalização do Governo", disse.
A seu ver, esta é uma das razões pelas quais "o líder do PSD não consegue afirmar-se como líder da oposição em Portugal", já que, "em vez de honrar o sentido institucional e histórico do PSD, um partido cofundador do regime democrático, o PSD vai hoje a reboque de vocabulário, das atitudes, dos comportamentos que são próprios dos populistas".
"O PS continuará a garantir o respeito pelas instituições; foi isso que fez sempre ao longo da história e é isso que continuará a promover", assegurou, em contrapartida.
[Notícia atualizada às 19h37]
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