Luís Marques Mendes defendeu este domingo que a Assembleia da República devia fazer um "conjunto de audições a especialistas e, sobretudo, a responsáveis na matéria, para dar aos portugueses dois ou três esclarecimentos" sobre se o país está, ou não, efetivamente preparado para resistir a um fenómeno sísmico de elevadas dimensões - como aquele que assolou, recentemente, a Turquia e a Síria.
No seu habitual espaço de comentário no 'Jornal da Noite' da SIC, o antigo líder do Partido Social Democrata (PSD) começou por questionar, a este propósito: "E se [o sismo] fosse em Portugal?"
Posto isto, defendeu que deve ser feito um debate especializado sobre esta matéria, no Parlamento, "de forma serena, tranquila e sem assustar ninguém". Isto, elaborou, de forma a perceber se as "leis que temos, em matéria de construção e urbanismo, são do ponto de vista sísmico as mais atualizadas e eficazes" - ou se, contrariamente, "precisam de melhoria".
Tal discussão devia ser feita, principalmente, no que diz respeito às "grandes construções públicas", como é o caso dos "hospitais", argumentou Marques Mendes. E questionou, a este propósito: "estão eles com uma construção que, do ponto de vista sísmico, é adequada, ou a mesma precisa de melhoramentos?"
O comentador da SIC defendeu ainda que, nessa mesma discussão especializada, deve ser avaliada a proteção conferida pelos "seguros contra risco sísmico" vigentes em Portugal, e também sobre se "existe fiscalização" da já citada legislação em vigor. Isto porque, explicou, "podemos ter as leis mais avançadas do mundo, mas que depois não estão a ser cumpridas".
Turquia e Síria? Uma "calamidade sem descrição"
Olhando, por sua vez, para a situação em territórios turco e sírio, o antigo dirigente do PSD descreveu o que considerou ser uma "calamidade sem descrição". Porém, tendo em conta todo o contexto, o comentador conseguiu destacar o que disse ser um "lado mais positivo" derivado do fenómeno sísmico em causa.
"Acho que, dentro desta tragédia, há um lado positivo. Houve um grande esforço de cooperação e generosidade à escala global. Mesmo países que não têm relações com a Turquia, como a Suécia e a Arménia, colocaram as suas equipas no terreno", elaborou o antigo governante.
Na ótica de Marques Mendes, num "momento em que o mundo é cada vez mais instável, perigoso e egoísta", tal mobilização oferece à comunidade global "alguma réstia de esperança".
Calamidades? "Portugal tem de ter participação ativa"
Olhando, mais concretamente, para o contributo oferecido por Portugal para os trabalhos de busca e de salvamento no terreno, o comentador referiu que o mesmo tem sido "positivo" e elogiou o Ministério da Administração Interna nesse sentido - lembrando que, logo na quarta-feira, foi enviada para a Turquia uma Força Operacional Conjunta (FOCON).
Apesar das críticas de que a mesma "podia ter ido mais cedo" para o território afetado pela catástrofe, Luís Marques Mendes quis destacar que essa equipa, já ontem, "teve sucesso", ao "resgatar uma criança de 10 anos" que ficou presa nos escombros.
"Quando há calamidades naturais, e se impõe a cooperação e solidariedade, Portugal tem de ter uma participação ativa. E sabemos já que não se pode afirmar, como os grandes países, pela quantidade de meios. Por isso, tem de fazê-lo por via de uma força de intervenção eficaz e rápida, de preferência num prazo de 24 horas. Assim construiremos o nosso prestígio e credibilidade", concluiu o ex-líder social-democrata, sobre este tema.
De recordar que uma Força Operacional Conjunta portuguesa composta por 53 operacionais partiu, na quarta-feira, para a Turquia, com o intuito de ajudar nas operações de resgate no país, na sequência do terramoto que tirou a vida a, pelo menos, 33 mil pessoas em localidades turcas e sírias, de acordo com os mais recentes balanços.
Isto depois de, na madrugada de segunda-feira, um abalo de magnitude 7,8 ter tido epicentro a 33 quilómetros da capital da província de Gaziantep, no sudeste da Turquia, nas proximidades da fronteira com a Síria. A esse sismo seguiram-se centenas de réplicas - destacando-se, inclusive, um abalo de magnitude 7,6.
Após ter conhecimento destes factos, a comunidade internacional uniu-se para demonstrar a sua solidariedade para com os países afetados, bem como para prestar apoio aos mesmos, ajudando-os a robustecer as equipas de resgate e prestando ajuda humanitária.
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