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"Degradação" do Governo? Executivo "só pode queixar-se de si próprio"

Em causa está uma degradação que é já "reconhecida da Direita à Esquerda" do espetro político, considerou Marques Mendes.

"Degradação" do Governo? Executivo "só pode queixar-se de si próprio"
Notícias ao Minuto

22:53 - 04/12/22 por Ema Gil Pires

Política Marques Mendes

Luís Marques Mendes, no seu habitual espaço de comentário no 'Jornal da Noite', da SIC, considerou que existe, atualmente, uma "imagem de degradação do Governo", que é já "reconhecida da Direita à Esquerda" do espetro político. 

"São muitos casos em oito meses de Governo. Muitas demissões, muitas polémicas e muitos conflitos internos. E isto não é normal [...]. Há essa degradação, mas o Governo não pode culpar a oposição por isto", explicou o comentador.

A propósito deste tema, Luís Marques Mendes apontou ainda que o "Governo só pode queixar-se de si próprio". Isto porque "quando se tem maioria absoluta, é muito difícil queixar-se da oposição" - na medida em que tal "não é um sinal de saúde política".

O ex-ministro adjunto de Aníbal Cavaco Silva, na altura em que este era primeiro-ministro, abordou ainda o tema da mais recente renovação no Governo, considerando que se "geralmente uma remodelação tem uma linha de orientação, esta não tem linha de orientação nenhuma".

E explicou: "A renovação em si é uma salada-russa. Há ali várias razões de substituição, completamente diferentes [...]. É apenas tapar buracos".

Mas vamos por partes. Em primeiro lugar, Luís Marques Mendes destacou que o primeiro-ministro, António Costa, "tinha cometido um erro ao escolher Miguel Alves para o cargo de secretário de Estado adjunto", que sofreu entretanto uma polémica demissão. Porém, considerou que o líder do Executivo socialista terá acertado desta vez, ao escolher António Mendonça Mendes para ocupar o lugar: um "político discreto, mas competente e eficiente".

Por outro lado, o ministro da Economia, António Costa Silva, "precisava de substituir dois secretários de Estado", que o "desautorizaram em público a propósito da temática do IRC (Imposto Sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas)". Em causa estava o até agora secretário de Estado da Economia, João Neves, e Rita Marques, secretária de Estado do Turismo, Comércio e Serviços. "A remodelação tinha de ser feita, só peca por tardia", destacou ainda.

No contexto desta entrada de seis novos rostos para as secretarias de Estado do Executivo socialista, o ex-dirigente do PSD apontou que o resto se tratou de uma "mexida burocrática no Ministério das Finanças, que não tem relevância política".

"Ser médico no SNS deixou de ser uma situação atrativa?"

Olhando para um outro tema, mais concretamente sobre o atual estado do setor da Saúde e, em particular, do Serviço Nacional de Saúde (SNS), Luís Marques Mendes disse que aqui é preciso ter em consideração uma "questão de fundo": que passa por perceber "se ser médico no SNS deixou de ser uma situação atrativa".

No seu argumento, o antigo líder social-democrata destacou: que os "médicos são mal pagos, apesar de trabalharem imenso"; que "muitas vezes o seu projeto profissional não é motivador" e as "condições de trabalho não são boas"; e que há um "excesso de burocracia" imposta aos médicos no seu trabalho diário. 

Tudo isto levou o comentador da SIC a concluir que "ser médico, designadamente no Estado, deixou de ser atrativo". No entanto, Marques Mendes elogiou o regime de dedicação plena que tem vindo a ser defendido pelo ministro da Saúde, Manuel Pizarro, e que prevê uma "remuneração maior do que é habitual" aos profissionais que a ele adiram. "Parece ser um bom caminho", destacou.

Sobre a atual situação de dificuldades nas urgências hospitalares, o comentador recordou as "demissões de diretores clínicos em vários hospitais", os casos de hospitais que estão "sem urgências", e outros de "tempos de espera excessivos" nestes serviços. E asseverou: "A solução não parece fácil".

Porém, acrescentou, que "não é muito justo culpar o ministro da Saúde por esta situação, porque ele está em funções há meia dúzia de semanas". Isto apesar de, elaborou, existir "um problema sério que se arrasta há muito tempo e que, além do mais, se agrava".

Apesar de não atribuir responsabilidades diretas a Manuel Pizarro pela situação, Marques Mendes disse ser "legítimo perguntar a um Governo que está em funções há sete anos como deixou chegar a situação a este ponto".

O ex-ministro de Cavaco Silva fez ainda questão de lembrar que "mais delicada do que esta situação é a de um concurso que o Governo abriu para médicos especialistas", no qual "centenas de médicos recusaram as vagas" e as mesmas "não foram todas preenchidas". E concluiu: "Há um esforço para contratar médicos, mas os médicos não querem" aceitar as propostas que lhes chegam por parte do SNS.

Governo vai avançar com novos apoios ao setor social

No seu habitual espaço de comentário, Luís Marques Mendes revelou ainda que o Executivo socialista vai avançar com apoios extraordinários para o setor social. Algo que, na sua ótica, se trata de um "esforço importante" num momento de crise social e económica.

Em primeiro lugar, anunciou o comentador, vai existir um apoio extraordinário no valor de 35 milhões de euros, referente ao ano de 2022, que será pago já em dezembro às Misericórdias, IPSS e instituições. Por outro lado, um apoio extraordinário antecipado do mesmo valor, referente a 2023, será também disponibilizado durante este mês.

Finalmente, o Governo vai ainda levar a cabo um aumento de 5% nas comparticipações regulares em 2023. 4,2% serão pagos, igualmente, já em dezembro, com o montante restante a ser fornecido mensalmente ao longo do próximo ano às mesmas entidades.

A propósito deste tema, Marques Mendes quis destacar que as instituições que vão agora beneficiar destes apoios "têm um papel social muito importante sempre" e em qualquer ocasião, embora tenham "um papel ainda mais importante neste tempo de crise".

Leia Também: Governo, Presidência ou Bruxelas? Eis as "três hipóteses" de Costa

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