Câmara de Lisboa aprova voto de pesar pela morte de Adriano Moreira
A Câmara de Lisboa aprovou hoje um voto de pesar pela morte de Adriano Moreira, considerando que "a sua vida a todos engrandeceu", documento que teve os votos contra de PCP, BE e independente eleita pela coligação PS/Livre.
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Política Adriano Moreira
"Uma grande figura, um sábio do nosso país que nos deixou nos seus 100 anos e, portanto, que marca toda uma época e toda uma vida, um homem extraordinário", afirmou o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), referindo-se a Adriano Moreira, que faleceu no domingo, aos 100 anos.
Na reunião pública do executivo municipal, o voto de pesar foi apresentado pelo vice-presidente da câmara, Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP), que lembrou que Adriano Moreira nasceu em Grijó, no concelho de Macedo de Cavaleiros, distrito de Bragança, "mas veio muito novo para Lisboa, onde fez toda a sua vida", referindo que foi "uma pessoa que marcou o país antes e depois do 25 de Abril".
Filipe Anacoreta Correia lembrou ainda Adriano Moreira, que foi professor universitário e presidente do CDS-PP, como "um democrata cristão, um humanista, um sábio" e enalteceu a "intensa atividade cívica, académica desde logo e, também, política".
"Foi por todos respeitado, não apenas por aqueles que consigo concordavam, mas é sem dúvida uma personalidade do nosso país", salientou.
"É uma hora triste, mas também uma hora de gratidão, porque a sua vida a todos nos engrandeceu e o seu testemunho, a sua presença e a sua intervenção é de facto de destacar", realçou ainda o vice-presidente do município da capital, indicando que o voto de pesar pela morte de Adriano Moreira endereça condolências à família, ao CDS-PP e ao Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa.
Por ocasião da celebração do seu 100.º aniversário, que assinalou este ano, Adriano Moreira recebeu da Câmara de Lisboa a Medalha de Honra da Cidade.
O voto de pesar pela morte de Adriano Moreira foi aprovado por maioria pelo executivo camarário (constituído por 17 eleitos), com quatro votos contra, nomeadamente dois do PCP, um do BE e um da independente do Cidadãos por Lisboa (eleita pela coligação PS/Livre), e os votos a favor dos restantes, designadamente sete da liderança PSD/CDS-PP, cinco do PS e um do Livre.
O vereador do PCP João Ferreira justificou o voto contra por considerar que o percurso de Adriano Moreira foi construído em contextos diferenciados, salientando que "essa diversidade não apaga, antes inclui, as responsabilidades que assumiu enquanto membro de governos durante o fascismo, seja como subsecretário de Estado, seja depois como ministro do Ultramar, num período fortemente marcado pelo início da Guerra Colonial".
Considerando que "o que importa é expressar as condolências à família", Carlos Teixeira, do Livre, votou a favor e disse que "há um percurso que Adriano Moreira teve na democracia que foi fundamental, em particular para ajudar a trazer e integrar no regime democrático aquilo que era uma parte significativa da direita em Portugal".
Carlos Teixeira assinalou, contudo, "as profundas divergências políticas em relação ao pensamento e a posições que Adriano Moreira tomou durante o Estado Novo e enquanto ministro do Ultramar, em particular a reativação do campo de concentração do Tarrafal".
Adriano Moreira foi ministro do Ultramar no período da ditadura (1961-1963) e deputado e presidente do CDS-PP já na democracia, mantendo sempre a ligação à universidade e à reflexão em matéria de Relações Internacionais.
Com 100 anos completados em 06 de setembro, foi condecorado pelo Presidente da República em junho com a Grã-Cruz da Ordem de Camões.
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