Nuno Melo, presidente do CDS-PP, comentou, na SIC Notícias, a polémica (eventual) homenagem a Vasco Gonçalves, o 'líder' do PREC, que já divide opiniões. "Os factos são históricos. A reforma agrária é um facto histórico, a ocupação de terras com donos legítimos é um facto histórico, a ocupação de empresas, o saneamento de donos, são factos históricos", enumerou o centrista.
O presidente do CDS continuou a enunciação dos "factos históricos", exemplificando-os também com a "ocupação da Rádio Renascença", "a tentativa de imposição de unidade sindical", "a detenção arbitrária de adversários políticos" e os "mandados de detenção assinados em branco pelo Otelo Saraiva de Carvalho".
"Aquilo que nunca quiseram nesse período para Portugal foi uma Democracia, as ditas Democracias tipo Liberal como hoje vivemos, e que, realmente, só acontecem, porque tivemos o 25 de Novembro", considerou.
No Twitter, Nuno Melo partilhou um excerto do debate que manteve no canal com o Coronel Batista Alves, presidente da Associação das Conquistas da Revolução, onde, como legenda, escreveu: "As Democracias não homenageiam os totalitarismos. Vasco Gonçalves significa tudo o que o CDS-PP sempre combateu. Vasco Gonçalves foi o PREC. O CDS é o 25 de Novembro".
As democracias não homenageiam os totalitarismos.
— Nuno Melo (@NunoMeloCDS) July 31, 2022
Vasco Gonçalves significa tudo o que o CDS PP sempre combateu. Vasco Gonçalves foi o PREC. O CDS é o 25 de Novembro. @_CDSPP @SICNoticias #VascoGonçalves pic.twitter.com/OAjgJPixj7
De recordar que o CDS-PP de Lisboa anunciou, no passado dia 28, que votará contra qualquer "homenagem, monumento ou evocação" ao general Vasco Gonçalves, por simbolizar "o pior" na tentativa de "implantação de um regime totalitário" pela extrema-esquerda após o 25 de Abril.
Numa nota assinada pela líder na Assembleia Municipal de Lisboa e porta-voz da direção do CDS-PP, Isabel Galriça Neto, o partido justificou que "o CDS esteve sempre na linha da frente do combate político a tudo aquilo que Vasco Gonçalves significou".
Também Manuel Monteiro, ex-líder do CDS-PP, já criticou o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, por querer contribuir para criar um monumento de homenagem ao general Vasco Gonçalves, apelando que não se esqueça que foi eleito numa coligação.
"Seria do meu ponto de vista vantajoso que o senhor presidente da Câmara [Municipal de Lisboa], numa matéria desta natureza, tivesse o cuidado de nunca se esquecer que lidera uma câmara municipal em coligação e de uma coligação de partidos", defendeu.
O que está em causa?
O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), aceitou, na semana passada, o desafio da Associação Conquistas da Revolução de trabalhar em conjunto na proposta de criação de um monumento de homenagem ao general Vasco Gonçalves (1921-2005).
"Em relação, concretamente, à construção de um monumento, eu penso que trabalharemos convosco um bocadinho mais na definição desse monumento, se seria uma estátua ou se seria um busto", afirmou Carlos Moedas, em resposta à intervenção do presidente da Associação Conquistas da Revolução, Manuel Begonha, que apresentou a proposta na reunião pública da Câmara de Lisboa.
O social-democrata referiu que houve já algumas homenagens feitas pela Câmara de Lisboa ao general Vasco Gonçalves, inclusive a atribuição do seu nome a uma rua junto à Quinta das Conchas, considerando que "é importante para a Democracia" continuar a homenageá-lo na cidade.
"É óbvio que, para nós, será sempre uma honra e um gosto continuar a homenagear o senhor general Vasco Gonçalves", reforçou o presidente da Câmara de Lisboa, manifestando a disponibilidade do município de trabalhar com Associação Conquistas da Revolução: "Vou dar ordem para que isso aconteça e para que se possa começar a trabalhar nesse sentido".
Quem foi Vasco Gonçalves?
Vasco Gonçalves foi chefe dos Governos Provisórios entre 18 de julho de 1974 e 10 de setembro de 1975, e o seu nome era aclamado nas manifestações e comícios durante o PREC em 'slogans' como "Força, força, companheiro Vasco, nós seremos a muralha de aço", de uma canção interpretada por Maria do Amparo e Carlos Alberto Moniz.
O período em que chefiou o Governo ficou conhecido por 'Gonçalvismo' e ficou marcado principalmente pelo combate aos monopólios e aos latifúndios.
A nacionalização da banca e dos seguros, a par da aceleração da Reforma Agrária, foram decisões emblemáticas do 'Gonçalvismo', ainda hoje sinónimo de extremismo de Esquerda para as forças de Direita.
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