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Crise energética? Debate "põe em causa a unidade europeia"

Para o eurodeputado, "está na altura do sul dizer que o norte [da Europa] se enganou, que foi a Alemanha que quis potenciar (com os Nordstream I e II) a dependência energética da Rússia.

Crise energética? Debate "põe em causa a unidade europeia"
Notícias ao Minuto

08:40 - 26/07/22 por Ema Gil Pires

Política PSD

O eurodeputado do PSD Paulo Rangel considerou na segunda-feira, em declarações à SIC Notícias, que o debate sobre as formas de solucionar a crise energética que paira sobre a Europa, que vai estar em destaque na reunião dos ministros europeus da Energia desta terça-feira, "põe em causa a própria unidade europeia".

"A reunião de amanhã é muito importante não apenas porque vai tratar este assunto da energia e saber se este regulamento [da Comissão Europeia] leva ao corte voluntário de 15% [no consumo de gás] agora, mas com a possibilidade de se tornar obrigatório no futuro", disse o atual vice-presidente do PSD. "Mas também por causa da notícia sobre uma nova restrição à exportação russa de gás pela Europa, condicionando as quantidades que são fornecidas pelo Nordstream 1", acrescentou.

Na ótica de Paulo Rangel, tudo isto "vai por à prova a União Europeia". Isto porque tudo o que "está aqui em discussão é mais do que a questão energética, a forma como o próximo inverno vai ser vivido pelas famílias europeias e pela economia europeia" - até porque esta é uma discussão que "põe em causa a própria unidade europeia".

Até porque, como sustentou o social-democrata, verificou-se, no contexto deste debate entre os vários Estados-membros, "alguma crispação e tensão, designadamente entre países do norte e países do sul, entre países periféricos e países centrais".

Na verdade, recorde-se que Portugal e Espanha "não estavam sozinhos" na rejeição da proposta da Comissão Europeia. "A Grécia acompanhava este pedido, a Irlanda, Malta e Chipre também. Polónia e Hungria tinham posições diferenciadas. França e Itália não davam certeza de acompanhar a Alemanha nisto e isso obviamente teve um efeito na Comissão" Europeia, destacou Rangel. 

Portanto, para o eurodeputado, "está na altura do sul dizer que o norte [da Europa] se enganou, que foi a Alemanha que quis potenciar (com os Nordstream I e II) a dependência energética da Rússia. Que ela errou geopoliticamente e até foi avisada para isso".

Paulo Rangel quis ainda recordar que o "Governo de Passos Coelho insistiu imenso na questão das interconexões, o que permitia que a Península Ibérica viesse a diversificar as fontes de abastecimento da Europa". Porém, quer "França", quer a "Alemanha, que encontrava no gás russo um gás mais barato e mais acessível, foram sempre muito relutantes" em fazer essa mesma aposta. 

Neste âmbito, o vice-presidente do PSD fez ainda questão de realçar que o "Governo português falhou", apesar de ter "razão nas queixas que fez a propósito deste regulamento" agora apresentado pela Comissão Europeia. Isto porque em "sete anos não foi capaz de lutar eficazmente" pelas tais interconexões. "Era fundamental fazer a ligação da Península Ibérica à Europa nos Pirenéus, para poder exportar a sua energia e para poder canalizar o gás que vem da Argélia ou até o gás liquefeito que, por exemplo, chegaria a Sines dos Estados Unidos da América ou da Nigéria", explicou. 

As declarações surgem na sequência da proposta apresentada, na quarta-feira, por Bruxelas, que visava uma redução de 15% no consumo total de gás na União Europeia já a partir do dia 1 de agosto e até 31 de março de 2023. Um corte que, numa primeira fase, seria apenas voluntário, mas que poderia vir a tornar-se obrigatório no futuro. 

Uma proposta que, segundo o El País, terá entretanto sido suavizada. Apesar de se manter o objetivo de um corte linear e generalizado de 15% no consumo do gás entre o período já referido, são tidas em conta várias exceções e ajustes, com vista a dar resposta às necessidades energéticas de cada Estado. 

Leia Também: Bruxelas pede "cabeça fria" a Portugal e países opositores a corte no gás

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