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BE acusa PS de fazer o trabalho da direita e Costa frisa "tom inflamado"

Relação entre os dois partidos evidenciou-se degradada no primeiro debate de política geral.

BE acusa PS de fazer o trabalho da direita e Costa frisa "tom inflamado"
Notícias ao Minuto

19:14 - 22/06/22 por Marta Ferreira com Lusa

Política Assembleia da República

O clima de tensão aumentou e muito entre os outrora parceiros de geringonça. No primeiro debate sobre política geral da XV legislatura, Costa e Catarina Martins mostraram como a relação entre os dois partidos se degradou e o "tom inflamado" sobressaiu. 

Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda, acusou o PS de estar a "fazer o trabalho de direita" contra o SNS e, por isso, a direita não necessita de apresentar propostas. Costa reagiu às acusações da coordenadora do BE afirmando que a mesma não necessitava de se exaltar nem do "tom inflamado".

A bloquista começou por registar que “depois de várias intervenções e até piadolas” durante o debate ficou “sem [se] saber o que vai ser feito nos próximos dias” para garantir que Serviço Nacional de Saúde funciona.

É daqui a 10 anos que vai ter o problema resolvido? É melhor não.

“Não registei uma única proposta concreta, no curto prazo, para termos especialistas no SNS. Veja bem, o senhor primeiro-ministro diz que é preciso formar mais. Podemos discutir a formação, a questão é que demora 10 anos a formar um obstetra”, frisou. "É daqui a 10 anos que vai ter o problema resolvido? É melhor não. Nós temos médicos, a questão é que boa parte deles estão no privado e nós temos um problema. É preciso retê-los no SNS e convencê-los a voltar", sublinhou Catarina Martins.  

Questionou ainda: "No concreto o que vai fazer? Dizer o que diz há quatro anos, ou que há um plano de contingência não adianta nada e era triste chegar ao fim do debate sem saber o que o Governo vai fazer para reter e fixar especialistas no SNS”. 

Não vale a pena pôr esse tom de voz para ver se convence os portugueses de que tinha razão quando chumbou o Orçamento.

Em resposta à bloquista, Costa disse não valer a pena "exaltar-se" nem "pôr esse tom de voz para ver se convence os portugueses de que tinha razão quando chumbou o Orçamento e provocou uma crise política". "Os portugueses não lhe reconheceram essa razão por que a senhora deputada bem pode reconstruir a história , mas não foi o BE que fundou o SNS e o SNS não deve nada ao BE para a sua melhoria", atirou o primeiro-ministro. 

"O seu regime de exclusividade impede os profissionais de exercerem livremente a sua profissão. Se for essa a condição, há um enorme risco de o SNS não ter os recursos humanos suficientes", argumentou o líder do executivo.

O primeiro-ministro destaca vários números dos últimos anos que suportam a visão do PS sobre o regime de exclusividade, nomeadamente a “taxa de retenção” de profissionais no SNS que tem "melhorado de 82 para 89% entre 2017 e 2021".

"A taxa de retenção não é prisão", frisou Costa garantindo que continuará a trabalhar para dar melhores condições aos profissionais de saúde que se mantiveram no SNS. 

Costa conclui relembrando, uma vez mais, que foi o BE que chumbou o OE2021. 

No contra-ataque, a coordenadora do Bloco de Esquerda confrontou o primeiro-ministro com declarações do ex-secretário de Estado socialista Fernando Araújo e concluiu que o debate sobre saúde "trouxe clareza".

"Depois de ouvir a intervenção [do líder parlamentar do PS] Eurico Brilhante Dias, entusiasmado com as parcerias público-privadas na saúde, depois de ouvir o senhor primeiro-ministro, que é incapaz de dizer que vai qualificar os vencimentos e as carreiras no SNS, alegando que o grande passo é a formação nos privados, ficou claro o que quer o PS", declarou.

Para Catarina Martins, "o sonho da direita de desestruturação do SNS está a ser feito pelo PS".

"Neste momento, 40% do orçamento da saúde já vai para o negócio do privado. O PS está a fazer o trabalho da direita", completou.

António Costa ouviu e voltou à questão do tom do debate.

"Mais uma vez senhora deputada Catarina Martins, o seu tom é inflamado. Há limites para a demagogia, mesmo por parte do Bloco de Esquerda. O tom inflamado, como sabe, substitui a convicção", respondeu.

O primeiro-ministro acusou depois os bloquistas de terem votado contra um orçamento que "deu precisamente autonomia às instituições para poderem contratar".

"A senhora deputadas sabe que votou contra um orçamento que prevê um aumento de 60% da remuneração dos médicos de saúde geral e familiar nas localizações carenciadas. E a senhora sabe bem que nós não fingimos que não existem os problemas. As nossas respostas são menos inflamadas, mas resolvem", acrescentou.

Leia Também: Costa e PS acusam direita de "maquinação estatística", PSD reclama espaço

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