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Os desafios de Montenegro no PSD? "Gerir a direita e gerir o centro"

Na perspetiva de Alexandra Leitão, estas eleições internas do PSD "foram tardias" e "podiam ter acontecido mais cedo".

Os desafios de Montenegro no PSD? "Gerir a direita e gerir o centro"
Notícias ao Minuto

08:09 - 30/05/22 por Ema Gil Pires

Política PSD

A deputada Alexandra Leitão considerou, no domingo à noite, num espaço de comentário da CNN Portugal, que o novo líder do PSD, Luís Montenegro, "tem um grande desafio" para este seu mandato.  Nas suas palavras, o antigo líder parlamentar dos sociais-democratas tem de "preocupar-se em ganhar o centro ao PS" e ainda "que lidar com dois partidos a eclodir à sua direita, que não são um partido como o CDS com o qual se aliava de forma natural".

A deputada descreve, assim, uma situação que "qualquer líder do PSD teria neste momento" que saber encarar e "com a qual o PS já lidou há muitas décadas atrás".

"O PSD só tinha sempre de se preocupar com ganhar o centro ao PS - porque à sua direita, ou tirava votos facilmente ao CDS, ou quando não tirava tinha sempre ali um aliado natural. Em compensação, o PS habituou-se a não ser assim, porque sempre teve uma esquerda, à sua esquerda, que não era aliado natural, com votações expressivas", explicou a deputada.

Alexandra Leitão fez ainda uma caracterização dos partidos que o PSD conta agora à sua direita no espetro político. Por um lado, o Iniciativa Liberal, com a sua "capacidade" de criar uma "agenda motivadora". E, por outro, o Chega, "com as características antirregime que tem e que dificultam". "Acho que o PSD tem esta enorme dificuldade, que é gerir a sua direita e gerir o centro", acrescentou ainda.

Porém, não é apenas este o desafio apontado pela antiga ministra para este período de liderança de Luís Montenegro no PSD. "Tem um calendário de quatro anos pela frente, um líder fora do Parlamento, o que é sempre uma gestão difícil, e um conjunto de deputados escolhidos, também, pelo seu antecessor", apontou Alexandra Leitão.

"Diria que é um caminho difícil, mas acho que é um caminho que é importante que o PSD vá robustecendo, pois uma oposição forte é importante para o próprio partido do Governo. E eu concordo que é muito importante haver mais política nacional", salientou ainda a deputada.

Na sua perspetiva, estas eleições internas do PSD "foram tardias" e "podiam ter acontecido mais cedo".

Além do mais, a ex-ministra destacou ainda que este escrutínio eleitoral do partido "acabou por ter uma barreira mediática": a guerra na Ucrânia. "Mas também não fizeram nada para tentar furá-la", concluiu.

"É verdade que o contexto é propício ao incumbente, mas também é verdade que o desafiante não fez nada - e aqui estou a falar de ambos os candidatos à eleição no PSD. Não fizeram grande coisa para quebrar essa barreira mediática", acusou a deputada, que criticou o facto de não terem sido realizado "debates" e por não terem sido abordadas "questões de fundo". "De uma maneira geral não há propriamente ideias motivadoras para o país", disse.

Apesar de tudo isto, Alexandra Leitão destacou ainda aquela que considerou ter sido "uma vitória muito expressiva" e que "dá a Montenegro um certo 'élan'". "É verdade, por outro lado, que é num quadro de uma abstenção muito elevada. Dentro de umas eleições que já são fechadas [...], mas que é um modelo democrático e não ponho isso em causa, e que ainda ficou mais fechado pelo número parco de votantes", explicou ainda a deputada.

A ex-ministra da da Modernização do Estado e da Administração Pública considerou ainda que os últimos "dois anos" foram "perniciosos para a política em Portugal, tal como para a política em geral, porque discutiu-se pouco política". Isto "por várias razões", nomeadamente "por causa da pandemia e agora da guerra" no leste europeu. "Basta dizer que em dois anos de Covid-19 tivemos a Assembleia da República a funcionar em comissão permanente durante meses. E a Assembleia da República é o sítio onde se discute política", concluiu.

Luís Montenegro venceu, no sábado, as eleições internas do PSD, onde concorria perante Jorge Moreira da Silva. O agora líder dos sociais democratas foi eleito com mais de 70% dos votos, tendo assim garantindo um mandato de quatro anos à frente do partido.

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