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"Será diferente". PCP preocupado porque "PS fica com as mãos livres"

Jerónimo de Sousa reconhece que não terá reuniões formais com o Governo nesta legislatura, já que o PS conseguiu maioria absoluta nas eleições. O líder do PCP justifica que "é normal a preocupação", uma vez que agora "o PS fica com as mãos livres para fazer o que entender".

"Será diferente". PCP preocupado porque "PS fica com as mãos livres"
Notícias ao Minuto

17:07 - 15/02/22 por Tomásia Sousa

Política Jerónimo de Sousa

O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP) admitiu hoje que tudo "será diferente" nesta legislatura, sem encontros bilaterais à esquerda, e sublinha que "é normal a preocupação" do partido com a maioria absoluta do PS.

Jerónimo de Sousa justificou essa preocupação com "algumas experiências no passado recente" que "demonstram que o Governo não deu resposta, por exemplo, a questões que são parte integrante da vida da retribuição do trabalho".

"Há aqui uma responsabilidade que não é delegável que é do governo, um governo sustentado numa maioria absoluta e esta é a novidade", afirmou aos jornalistas, depois de ter sido recebido por António Costa. "É normal a preocupação, tendo em conta que o Partido Socialista fica com as mãos livres para fazer o que entender em termos políticos."

Em declarações aos jornalistas no final de um encontro com o primeiro-ministro, na residência oficial, em Lisboa, o líder comunista desvalorizou este tipo de encontros com todos os partidos, salientando que "o diálogo institucional sempre existiu". Questionado sobre encontros bilaterais, Jerónimo explicou que, "em termos formais", eles já não vão acontecer. "Será diferente, admito", afirmou.

O diálogo tem de existir, particularmente no quadro da Assembleia da República e no quadro da prestação de contas e informação que o Governo terá naturalmente que dar aos grupos parlamentares e aos portugueses", indica. "Naturalmente, da nossa parte, vamos tomar a iniciativa (...) para que tenhamos um país mais justo, um país com menos desemprego, menos pobreza, um país que tem capacidade de encontrar soluções para o seu próprio futuro."

Jerónimo de Sousa disse que, na reunião, transmitiu ao primeiro-ministro preocupações com "a questão do aumento do Salário Mínimo Nacional e dos salários acima desse valor", "a necessidade de revogação das normas mais gravosas da legislação laboral", a "necessidade de salvar o Serviço Nacional de Saúde, visando o seu reforço", a "necessidade de encontrar respostas para o problema da habitação e da escola pública" e ainda "a questão das creches".

O responsável comunista sublinhou ainda a importância de "procurar responder a problemas novos que entretanto surgiram", como o "aumento do custo de vida" devido ao aumento dos preços dos combustíveis e da energia.

"É preciso coragem para enfrentar os interesses dos grupos económicos. É preciso, de facto, encontrar respostas para que o país saia da situação em que se encontra, um país muito marcado pelas injustiças, pelas desigualdades, que o Governo não está a encontrar respostas", referiu.

Acompanhado pelo ex-líder parlamentar dos comunistas, João Oliveira, e pela atual líder de bancada, a deputada Paula Santos, o secretário-geral do PCP criticou ainda a "arrogância com que os grandes grupos económicos e financeiros apresentam os seus lucros", que contribuem "para o aumento dessas mesmas desigualdades e injustiças".

Jerónimo explicou que o partido teme que, com a maioria absoluta, o PS não se empenhe em "encontrar respostas estruturais", que continuam "independentemente do resultado das eleições, a fazer lei no nosso país".

"Tendo em conta o passado recente, não vemos essa disponibilidade para a consideração desses problemas. Nós colocamos essas questões na devida altura, continuam com uma grande atualidade e validade", insistiu.

O primeiro-ministro está a receber hoje, em São Bento, os partidos com representação parlamentar, à exceção do Chega, e estará à noite na Comissão Política Nacional do PS, reuniões que visam preparar o novo ciclo político.

[Notícia atualizada às 17h27]

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