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PSD vs PAN. Da "maioria absoluta" difícil à "linha vermelha" dos debates

Este foi o último debate a dois antes das eleições antecipadas marcadas para dia 30 de janeiro. Os partidos tentaram encontrar pontos de convergência, mas divergências ficaram evidentes.

PSD vs PAN. Da "maioria absoluta" difícil à "linha vermelha" dos debates

O líder do PSD, Rui Rio, e a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, defrontaram-se, este sábado, naquele que foi o último debate que pôs frente a frente dois partidos antes das eleições antecipadas marcadas para dia 30 de janeiro. 

Inês de Sousa Real continuou a não revelar o que poderá determinar uma governação com o PS ou com o PSD, insistindo que contará para uma decisão a posição dos partidos no avanço das causas "fundamentais" para o PAN (Pessoas-Animais-Natureza).

Neste confronto foram discutidos alguns dos temas onde poderá haver convergência entre os dois partidos, mas também as divergências que poderão colocar em causa algum entendimento entre o PAN e o PSD. 

Inês Sousa Real traçou como uma das linhas vermelhas a reposição dos debates quinzenais, algo que diz que os dois partidos têm posições diferentes. Se para o PAN estes debates são relevantes, para o PSD estes debates não visam "um esclarecimento", mas sim "espetáculo mediático."

Rui Rio assumiu ainda ser "difícil" alcançar uma "maioria absoluta" e, por isso, elogiou a disponibilidade do PAN em negociar.

Acompanhe aqui:

Indiferente que seja Costa ou Rio o primeiro-ministro?

Inês Sousa Real: "Para o PAN aquilo que é fundamental é conseguirmos fazer avançar as nossas causas e há algumas linhas vermelhas que temos, há avanços que temos também que conseguir em matéria de progresso civilizacional, seja em matéria de proteção animal ou ambiental, mas há também reposições que temos de fazer do ponto de vista democrático."

"Não é indiferente aquela que seja a posição não só de Rui Rio ou de António Costa da reposição dos debates quinzenais. Recordo que foi pela mão do bloco central que se acabaram com os debates quinzenais."

"Foi também pela mão do bloco central que aumentaram as assinaturas para as petições."

"Também foi pela mão do bloco central que se flexibilizou os contratos públicos e, desta forma, conforme disse o Tribunal de Contas, aumentámos o risco  de corrupção."

"É importante percebermos quais os compromissos nestas matérias."

Rui Rio: "Queria elogiar esta posição que é exatamente a mesma que o PSD que é uma abertura à negociação. Temos de ter disponibilidade para conversar, o PAN mostra essa disponibilidade, o PS não."

"O que entendo é que os partidos devem dialogar porque dificilmente haverá maioria absoluta."

"Sobre o bloco central, 81% da Assembleia da República são deputados do PSD e do PS por isso é evidente que em muitas circunstâncias votam no mesmo lado, outras de lados diferentes."

António Costa sobre governação com PAN

Rui Rio: "Eu não fiz oferta nenhuma, o doutor António Costa falará com quem quer e quiser, o que demonstrei foi disponibilidade que é a mesma que peço aos outros. Eu se ganhar as eleições dificilmente será com maioria absoluta, por isso terei de negociar."

"Se não tenho maioria absoluta não poderei fazer exatamente aquilo que quero, terei de negociar, e o doutor António Costa diz que isso não faz."

"Relativamente ao regime e aos debates quinzenais, todos criticam e ninguém põe em cima da mesa para se ouvir. Aquilo que é relevante na Assembleia da República é que a Assembleia esteja capaz de fiscalizar o Governo, a atuação do Governo." 

"A questão é esta, aquilo que são os debates quinzenais, aquilo não visa um esclarecimento, visa um espetáculo mediático."

Inês Sousa Real: "[Reposição dos debates quinzenais] É uma linha vermelha, é uma preocupação para  reforçarmos a nossa democracia e temos visões completamente diferentes. A Assembleia da República não é um mero órgão fiscalizador, é órgão deliberativo também, é um órgão de soberania e fundamental é um pilar da nossa democracia." 

"É preciso rompermos com esta forma de governar o país e tornarmos mais plural". 

“O que o PAN quer é que haja um respeito pelo Parlamento. Não é um local qualquer é a casa da democracia que representa a voz do povo. O governo não tem que olhar com desprezo para a Assembleia da República. Achar que perder uma tarde a dialogar com a AR é uma perda de tempo é desprezar o trabalho."

Rui Rio: "Aquilo que está em vigor são os mesmos debates, só que aquilo que se pretende é que os debates sejam um a verdadeira fiscalização e não um espetáculo que semana sim, semana não, está lá o primeiro-ministro para aquela berraria. Então vamos para uma democracia maior? O primeiro-ministro vai para lá todas as semanas. Aquilo que se pretende é fiscalização efetiva."

Plantação de eucaliptos é linha vermelha?

Inês Sousa Real: "O PAN já apresentou na Assembleia da República uma proposta que visava reverter os apoios para a plantação de eucaliptos no nosso país e o PSD votou contra. Está a voltar ao tempo da lei Cristas em que se andava a plantar eucaliptos com todo o país, em que Portugal é uma autêntica caixa de fósforos prestes a arder. É ter memória curta em relação aos incêndios de 2017. Mais, não nos podemos esquecer que este desordenamento total que temos e a proliferação de eucaliptos em Portugal contribuem hoje para a degradação dos solos e perda de biodiversidade no nosso país."

“Discordamos igualmente que florestas passem para ministério da Agricultura que tem uma visão demasiadamente extrativista do nosso país e que se tem esquecido que as alterações climáticas existem.”

Rui Rio: "Aquilo que Portugal tem é cerca de 25% do território que é mato, são silvas e mato. Metade dos incêndios começa nesse território e esse território não é limpo porque os donos não tiram dele qualquer rendimento. Por isso, o que entendemos é justamente o ordenamento florestal."

"Permitir a plantação de árvores de crescimento rápido — que dão rendimento ao proprietário–, mas tem também de plantar árvores de crescimento lento. Se houver investimento é o próprio dono do terreno que tem de o tratar."

"Não é o fundamentalismo dizer que ficamos a zero, com 25% do território ao abandono."

Impostos

Inês Sousa Real: "O PAN defende a descida do IRC para 17%, estamos disponíveis para descer até descida superior, mas devemos dar benefícios fiscais a empresas que tenham uma transição energética para a empregabilidade verde e boas práticas sociais."

Rui Rio: "Se fizéssemos o que o PAN diz agravava mais o défice, a dívida pública. Colocava Portugal numa situação de dependência pior, temos que conseguir um equilíbrio possível face às circunstâncias".

“Portugal é um dos países mais endividados do mundo e da Europa. Temos de ter as finanças equilibradas.”

"Para inverter a política económica que temos, para acabar com o empobrecimento relativo de Portugal, relativo à média europeia, temos de ter uma outra política económica que nos conduza a melhores empregos e melhores trabalhos." 

Inês Sousa Real:  “Portugal  está a perder para as PPP 10 mil milhões de euros. O Eurostat diz que estamos a gastar 10 vezes mais que as PPP deviam custar ao país”.

“Segundo as contas do PAN a revisão dos escalões de IRS custaria 268 milhões de euros ao ano, acabar com isenção de impostos da industria petrolífera daria para reduzir escalões de IRS.

"O interesse público tem de estar acima do privados."

Tutela dos animais para a DGAV

Inês Sousa Real: "Rui Rio pretende retroceder em matéria de proteção animal, voltando a colocar esta matéria nas mãos da DGAV. É um retrocesso incompreensível por parte do PSD."
 
 Funcionamento do Parlamento

Rui Rio: "Não tenho mostrado desprezo pelo Parlamento, mas naturalmente que sou crítico da forma como o Parlamento funciona. A primeira vez que fui deputado foi em 1991 e 1992 e não tenho dúvidas de que a forma como o Parlamento funcionava naquela altura tinha uma qualidade e atividade muito melhor e superior. Tem-se vindo a degradar."

Inês Sousa Real: “Isso é passar um atestado de incompetência aos atuais deputados da Assembleia da República.”

Rui Rio: “Quase que diria em que não há dia em que o parlamento esteja a funcionar em que não esteja lá um membro do governo."

“Para mim, a política tem que ter credibilidade, não tem de ser feita com espetáculo para abrir o telejornal, tem de ser feita com seriedade e sem espetáculo. Isso descredibiliza."

Leia Também: "PAN faz falta ao país". Inês Sousa Real não exclui acordos com PS ou PSD

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