Paulo Portas analisou, este domingo, no seu espaço de comentário na TVI24, o polémico envio de dados de três ativistas russos pela Câmara de Lisboa à embaixada da Rússia em Portugal.
Apontando para a gravidade da situação tanto em termos da violação de direitos fundamentais, como das consequências para a imagem do país lá fora, o antigo dirigente do CDS conjeturou que o caso terá fortes consequências nas eleições autárquicas.
"Mudou o vento da campanha eleitoral (...) Fernando Medina estava à espera de uma campanha olímpica, com algum desdém pelos seus adversários e, de repente, está à defesa e um bocado atrapalhado nas declarações que faz", defendeu, ainda que admitindo que a vitória socialista na capital é um cenário possível.
Ainda sobre a libertação de dados à embaixada, Paulo Portas mostrou-se indignado com o facto de a autarquia de Lisboa cometer dois erros "graves" num curto espaço de tempo, relacionados com correspondência eletrónica.
Além do envio de informação pessoal, o antigo ministro recordou o caso da alegada perda de emails da PSP pela Câmara, a propósito da festa do título do Sporting.
"Esta falha que já tem uns meses acontece exatamente no mesmo sítio onde aconteceu uma falha igualmente grave, com outras consequências, que foi a alegada perda ou não transmissão dos emails que a PSP de Lisboa enviou à Câmara por causa das celebrações do Sporting. Como sabem, a PSP era contra o autocarro e contra o ecrã ano estádio. Mas esses emails, segundo a Câmara, não foram transmitidos. Isto revela uma enorme fraqueza e défice de supervisão, controlo e exigência. Mas o que acho extraordinário é que há cinco semanas aconteceu isto [do Sporting] no mesmo local, no mesmo serviço e, que eu saiba, ninguém foi suspenso ou removido", criticou.
Recorde-se que os jornais Expresso e Observador noticiaram na quarta-feira que a Câmara Municipal de Lisboa fez chegar à Embaixada da Rússia em Lisboa os nomes, moradas e contactos de três ativistas russos que organizaram em janeiro um protesto, em frente à embaixada, pela libertação de Alexey Navalny, opositor do governo russo.
A partilha destes dados foi reconhecida pelo presidente da câmara, que pediu desculpas públicas aos envolvidos e explicou ter-se tratado de um erro no funcionamento dos serviços. Mais tarde, Fernando Medina anunciou que pediu uma auditoria sobre os procedimentos da autarquia relativos à realização de manifestações no município nos últimos anos.
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