Representantes do Estado em Serralves e na Casa da Música ouvidos na AR
Os representantes do Estado nos conselhos de administração da Fundação de Serralves e da Fundação Casa da Música vão ser ouvidos no parlamento, a pedido do Bloco de Esquerda (BE), sobre os casos de precariedade detetados naquelas instituições.
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Política Parlamento
De acordo com o deputado do BE José Soeiro, os dois requerimentos apresentados pelo partido, para audição dos representantes do Estado em Serralves e na Casa da Música, ambas instituições do Porto, foram hoje aprovados na comissão parlamentar de Trabalho e Segurança Social.
No requerimento apresentado para audição dos representantes do Estado na Fundação de Serralves, o BE recorda que a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) identificou indícios de 21 trabalhadores a 'falsos recibos verdes' no Serviço Educativo e Artes daquela instituição, "cujos processos ainda estão em julgamento, mas há também técnicos de museografia que foram identificados".
"E há uma ação inspetiva realizada aos trabalhadores da receção, loja e bengaleiro, cujo resultado ainda não é conhecido, além da situação, não esclarecida, dos trabalhadores do serviço educativo ambiente", lê-se no requerimento.
Em abril, rececionistas e assistentes de sala subcontratados para Serralves queixaram-se de violação do Código do Trabalho, por serem "falsos 'outsourcings'", mas a sua entidade patronal, a empresa Egor, contrapôs que inspetores de trabalho comprovaram a inexistência de ilegalidades.
O BE recorda que, "além de o Estado ser o financiador principal desta instituição, está também presente no respetivo Conselho de Administração, tendo por isso uma responsabilidade direta nas decisões referentes aos trabalhadores".
O Estado é representado no conselho de administração da Fundação de Serralves por Isabel Pires de Lima e José Pacheco Pereira.
Já no requerimento no qual pede a audição da representante do Estado na Fundação Casa da Música, o BE lembra que naquela instituição "foram identificadas mais de 30 situações de falsos recibos verdes pela ACT".
Sendo que, neste caso, "quase metade das situações continuam a não estar regularizadas e o Conselho de Administração da Casa da Música decidiu disputar a manutenção desta situação de precariedade com o Ministério Público em tribunal".
Desde então, o Tribunal do Trabalho do Porto já recusou a integração de 12 colaboradores nos quadros da Casa da Música.
"Além destas situações, os trabalhadores, através dos seus representantes, apontam a existência de outros nichos de falsos recibos verdes, que ainda não foram objeto de ação inspetiva, e há processos de integração que têm sido enquadrados com regras que parecem ser concretizadas como verdadeiros mecanismos de pressão", lê-se no documento.
O BE recorda que o Estado "é o principal financiador (cerca de 70% do financiamento anual)" da Casa da Música e, tal como em Serralves, "está também presente no respetivo Conselho de Administração, tendo por isso uma responsabilidade direta nas decisões referentes aos trabalhadores".
A única representante do Estado na Fundação Casa da Música é Maria Teresa Quintela Pinto Bessa Pereira de Moura, depois da renúncia do maestro José Luís Borges Coelho, no ano passado. O mandato do conselho de administração da Casa da Música terminou no final de 2020.
Na terça-feira, a ministra da Cultura, Graça Fonseca, disse, em audição parlamentar, que o Conselho de Fundadores da Casa da Música vai convocar reunião para junho, para decidir sobre a substituição do conselho de administração.
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