Vital Moreira, constitucionalista e antigo eurodeputado do PS, deixou vários elogios à intervenção de Marcelo Rebelo de Sousa, a propósito do 47.º aniversário do 25 de Abril, que encerrou, ontem, a sessão solene no Parlamento.
"Muito bom, além de oportuno, o discurso do Presidente da República nas comemorações do 25 de Abril. Certeiro e corajoso, no sentido de assumirmos a nossa história por inteiro, nas suas grandezas e misérias, recusando tanto as gestas mistificadoras como os julgamentos sumários retroativos à luz dos valores do presente", justificou, num texto divulgado, este domingo, no blogue 'Causa Nossa', intitulado "Aplauso: Assumir a História".
Vital Moreira sublinhou também que é em momentos como este que "vale a pena" ter um chefe de Estado "dotado de legitimidade eleitoral forte, eleito numa base suprapartidária, situado à margem da condução política do país e alheio à dialética governo-oposição".
"Um Presidente vocacionado para exprimir os anseios da coletividade e velar pela coesão nacional", rematou.
O que disse Marcelo?
No seu discurso, Marcelo Rebelo de Sousa pediu que se faça "história da História" e que se "retire lições de uma e de outra, sem temores nem complexos, com a natural diversidade de juízos própria da democracia".
Recordando os tempos de colonização, o Presidente denotou que o “desenvolvimento, liberdade e democracia”, todos os valores ali celebrados, “sempre foram imperfeitos e, por isso, não plenos", lembrando que nunca foram resolvidos os problemas da "pobreza estrutural de 2 milhões de portugueses e desigualdade pessoais e territoriais", por exemplo. Tudo isso “a pandemia veio revelar e acentuar”.
Posto isto, o chefe de Estado considerou que as suas reflexões "são atuais porque não há nada como o 25 de Abril para repensar o nosso passado, quando o nosso presente ainda é tão duro e o nosso futuro tão urgente e porque a cada passo pode haver a tentação de repensar o passado em argumento da mera movimentação tática ou estratégica, num tempo que ainda é e será de crise na vida e na saúde". Assim, pediu que se encare com "lúcida serenidade o que pode agitar o confronto político, mas não o que corresponde ao que é prioritário aos portugueses".
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