A Mesa Nacional do Bloco de Esquerda (BE) reúne-se sábado, por videoconferência, para debater as prioridades da resposta à crise. Antecipando o tema, Catarina Martins defende, esta sexta-feira, que "a crise económica e social que estamos a viver tem um impacto agravado na vida das mulheres, porque são as mais precárias".
"Qualquer crise tem consequências mais severas para quem já está em situação de maior vulnerabilidade e mais sofre a desigualdade", começou por referir a líder partidária, numa publicação na rede social Twitter.
E as mulheres, acredita, são as mais afetadas por este cenário de crise. Aliás, "em 21 países da União Europeia, as mulheres foram quem mais perdeu emprego e Portugal está em quinto nesta lista", pode ler-se.
Catarina Martins cita ainda um estudo, de acordo com o qual, "mesmo quando não é calculada a perda de um vínculo contratual mas sim a perda de horas de trabalho, em 21 dos 27 países são as mulheres as mais afetadas. Neste parâmetro Portugal passa a surgir em segundo lugar, logo a seguir a Malta".
E "não é muito difícil perceber porquê: em Portugal, 90% do trabalho doméstico e de cuidados é executado por mulheres".
Em cenário de confinamento, motivado pelo agudizar da crise pandémica, "com escolas e centros de dia fechados, com o exercício impossível de manter teletrabalho e acompanhar o estudo dos filhos ou cuidar de crianças pequenas, manter atividade laboral e carreira por inteiro é uma miragem".
Em fevereiro, a parlamentar reuniu com mais de uma centena de desempregados, na quase totalidade desempregadas. Eram "sobretudo mulheres em famílias monoparentais. Relataram-me o desespero do fim do subsídio de desemprego enquanto viam as poucas oportunidades de emprego negadas. Ouviram vezes sem conta que não se contratam mulheres com filhos, por se saber que a qualquer momento as escolas fechariam".
Por isso, a bloquista defende que uma "resposta justa à crise exige o reconhecimento da desigualdade e os instrumentos para a superar. A precariedade como regra no trabalho e a fragilidade dos apoios a quem fica sem trabalho, penaliza sobretudo mulheres. Que até hoje não haja apoio a quem cuida de quem ficou sem centro de dia é só um dos muitos exemplos de que a decisão política tem género".
Outro dos temas em discussão na reunião de sábado será a preparação da XII Convenção Nacional do BE, agendada para 22 e 23 de maio, reunião magna que chegou a estar marcada para 2020, mas foi adiada devido à pandemia.
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