Francisco Louçã destacou, esta sexta-feira, a "sintonia" entre o Presidente da República e o Governo em não aliviar, para já, as restrições no país no âmbito do combate à pandemia da Covid-19, apesar de algumas 'nuances' nos discursos de Marcelo Rebelo de Sousa e de António Costa.
Marcelo, "ao dizer que não se muda nada, também sugere que se prepare o pós-Páscoa". Já o primeiro-ministro foi um "pouco mais reservado sobre isso", uma vez que tem o poder o executivo sobre as regras, "está mais apertado".
Louçã defendeu que "há boas razões para termos cuidado", considerando que "tem descido muito rapidamente o número de casos diários", assim como "o número de pessoas internadas", ainda que mais lentamente, tem descido o número de mortos por dia e, finalmente, ainda mais devagar, o número de pessoas em cuidados intensivos.
"Tentar evitar que haja reversão é prudente e compreende-se", assinalou o ex-dirigente bloquista. Todavia, há alguns aspeto em que o Presidente insistiu onde o Governo parece estar a dar sinais contraditórios, considerou.
Um desses aspetos prende-se com o aumento do número de testes anunciado pela Direção-Geral de Saúde, tendo a ministra da Saúde vindo "dizer ontem o contrário" e, hoje, "já se veio dizer que haveria um aumento". Louçã criticou a "oscilação" no discurso na mesma semana, mas considerou positiva a correção feita.
"O melhor é aquele [discurso] que diz que tem que haver um aumento da testagem de forma muito sistemática, porque é a possibilidade de se evitar muito mais rapidamente cadeias de transmissão e proteger as famílias", defendeu, acrescentando que isso é também "condição para reduzir as regras do confinamento" e para "abrir a sociedade".
O economista afirmou, neste sentido, que "as regras sanitárias implicam prudência nessa transição", defendendo que "quanto mais depressa, melhor", o que "depende da testagem e da vacinação". Se na vacinação o país está condicionado pela falta de vacinas e pelo incumprimento das grandes farmacêuticas, na testagem "podemos fazer o que quisermos", realçou o comentador.
Sobre a "sintonia" entre Marcelo e Costa, Louçã disse que o "Governo depende totalmente do Presidente". "É o Presidente que faz os discursos planificadores, que apresenta ao país as estratégias, fá-lo muito melhor que o primeiro-ministro, fá-lo de uma forma mais incisiva", constata o antigo dirigente do Bloco. No seu entender, Marcelo não tem o medo - que Costa parece ter - de "ser impopular" nos discursos sobre a pandemia.
Frisando que tem havido uma "consonância institucional" entre ambos, Louçã disse que "faz parte do jogo político" de Costa procurar uma certa distanciação.
O primeiro-ministro anunciou hoje ao país que as restrições em vigor se vão manter na próxima quinzena, sem quaisquer alterações, revelando que o plano de desconfinamento será tornado público apenas no dia 11 de março.
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