Francisco Louçã analisou, esta sexta-feira, no seu espaço de comentário semanal na SIC Notícias, o debate norte-americano entre os candidatos à Casa Branca, Donald Trump e Joe Biden, assim como as eventuais consequências da infeção por Covid-19 (e hospitalização) do atual presidente dos EUA.

"Ainda é muito difícil saber [consequências da infeção na campanha], mas tem uma consequência óbvia. O tema político essencial nos próximos 15 dias vai ser Covid-19. Primeiro porque é o presidente que desvalorizava e que incentivava as pessoas a não usar máscara, duvidava da eficácia da máscara e promovia desinfetantes nos pulmões que está infetado. E depois porque se ultrapassou os 200 mil mortos nos EUA e a questão começa a ser muito importante para um eleitorado sensível, que são pessoas com mais idade", explicou o comentador, realçando, contudo, que esta é "uma situação mais favorável a Biden, que se esforçou para promover medidas de saúde, e uma situação mais desfavorável para Trump, que julgou sobre isto com uma irresponsabilidade que agora fica patente".

Já questionado sobre a repercussão da hospitalização de Donald Trump, na noite desta sexta-feira, o fundador do Bloco de Esquerda defendeu que "esta notícia prova que todo o argumento que a Covid-19 é pouco importante, desaparece".

"Este é o hospital [Centro Médico Militar Nacional Walter Reed] para onde são levados todos os presidentes dos EUA quando têm qualquer problema de saúde, grave ou menos grave, por isso não podemos avaliar a condição clínica de Donald Trump. Sabemos que pertence ao grupo de risco, obeso e com 74 anos. Pode ser por precaução ou podem ser outros sintomas, não podemos especular. Contudo, isto só prova que o assunto Covid-19 é central e é um tema sério", completou Louçã.

Já sobre o frente-a-frente, na passada terça-feira, entre Trump e Biden, o comentador bloquista começou por reiterar as críticas feitas por muitos especialistas de que este foi "provavelmente o pior debate dos EUA" e recordou que, um dia antes, o atual presidente dos EUA tinha sido acusado de fugir aos impostos.

"Eu não assisti a todos, mas de todos os que eu vi foi o pior. Trump chegou a este debate numa situação muito difícil, porque foram revelados os dados sobre as suas contas. Em 10 dos últimos 15 anos não pagou impostos, em dois deles pagou cerca de de 60 dólares por mês, quando um norte-americano médico paga cerca de mil. Uma enfermeira paga 900 por mês. Portanto este truque das pessoas que têm mais poder, que é o caso dele e até sugerir como as contas sugerem que o império deve estar falido, revela que toda a gestão do magnata de sucesso é um risco e fugiu aos impostos", lembrou.

Sobre a postura do presidente dos EUA, Louçã asseverou que este "apostou tudo na sua técnica de violência verbal".

"Campanhas sujas houve sempre, mas Trump é uma figura especial nas campanhas sujas porque ele próprio encarna a violência, a grosseria e, portanto, fez disto esta campanha. Isto pode falhar, mas ainda pode ganhar as eleições", concluiu.

Leia Também: "És o pior presidente que a América já teve". Caos no debate presidencial