Programa de PSD quer desgovernamentalizar região
O programa político do PSD para as eleições regionais nos Açores, marcadas para outubro, assenta em quatro eixos estratégicos, defendendo uma desgovernamentalização e descentralização da região, a par de maior liberdade e independência e avanços no campo digital.
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Política Açores/Eleições
O documento, a apresentar hoje ao eleitorado numa cerimónia em Ponta Delgada, e a que a agência Lusa teve acesso, arranca com uma "carta aberta ao eleitor açoriano", assinada pelo presidente do PSD/Açores, José Manuel Bolieiro, e desenvolve as prioridades do partido em várias áreas de atuação.
No que refere ao segmento da desgovernamentalização, é defendido um equilíbrio da "distribuição dos fundos europeus entre os setores público e privado", sinalizando o partido que as pequenas e médias empresas (PME) da região "asseguram 70% do emprego e recebem 20%" dos fundos comunitários.
O PSD/Açores propõe também a criação de um "mercado de mobilidade regional", sugerindo que se inove "no modelo de obrigações de serviço público de transporte aéreo e marítimo de pessoas e mercadorias".
Este mercado interno tem como vantagens, por exemplo, o potenciar da "identidade produtiva de cada ilha", a promoção de "cadeias curtas de abastecimento" ou o garantir da "coesão territorial entre" as nove ilhas.
O partido já havia proposto, e agora reitera, a criação de uma "tarifa Açores" para residentes que voem dentro do arquipélago, e que deste modo nunca pagariam mais de 60 euros por ida e volta entre ilhas, excetuando a ligação entre Flores e Corvo, que pela sua curta duração teria sempre um valor menor.
Bolieiro defende também, no programa com que concorre a presidente do executivo regional, a "desoneração do custo de contexto para o investimento privado reprodutivo", propondo também, a nível fiscal, a "redução máxima do legalmente admitido das taxas nacionais de IVA e IRC".
Já no que refere ao campo da descentralização, o PSD do arquipélago quer "aumentar de forma exponencial a cooperação institucional e pública" entre o poder regional e o poder local, "com um regime de cooperação financeira transparente, regular, estável e equitativo" entre os 19 concelhos e 155 freguesias dos Açores.
Uma área particularmente defendida por José Manuel Bolieiro diz respeito à liberdade e independência: o social-democrata propõe, por exemplo, a independência da Autoridade de Saúde dos Açores, que tem atualmente como 'número um' o diretor regional da Saúde, membro do executivo, e candidato partidário às eleições de 25 de outubro.
O Conselho Económico e Social dos Açores, por seu turno, deve ser "profissionalizado" e ter mais recursos para cumprir a sua missão.
"É indispensável uma monitorização isenta e independente, com escrutínio objetivo dos resultados das políticas públicas regionais de governação. Os parceiros sociais podem e devem ser determinantes na configuração, na execução e na avaliação de resultados das políticas de desenvolvimento", diz o programa político do PSD.
O Serviço Regional de Estatística deveria transitar da esfera da vice-presidência do executivo para o Conselho Económico e Social, é também proposto.
No que refere à comunicação social da região, o PSD defende um "sistema de apoio transparente", afetando anualmente um milhão de euros aos programas de apoio aos privados.
Para a RTP/Açores é proposta uma linha de financiamento, no próximo quadro comunitário de apoio, destinada "à modernização e expansão das estruturas de produção e rede", ao passo que para os jornalistas da agência Lusa é defendido o financiamento de "ações formativas e outos eventos que promovam a atualização e o desenvolvimento das competências profissionais".
No campo político, os sociais-democratas açorianos defendem a criação de um círculo eleitoral próprio para o Parlamento Europeu, recordando que "as circunstâncias ditaram" que, no atual mandato, não exista atualmente ninguém em Bruxelas e Estrasburgo da região: o PSD não apresentou nome na lista nacional, e o eurodeputado eleito pelo PS/Açores, André Bradford, morreu em 2019.
Sobra a transportadora aérea SATA, "de superior interesse regional", esta deve ser "solvente" e mantida no setor público empresarial regional, "financeiramente resgatada e com gestão profissionalizada".
Na saúde, o PSD defende a criação de uma entidade gestora do doente em espera, para além da promoção de deslocação de profissionais de saúde às ilhas sem hospital e o "planeamento, a uma década, em termos de recursos humanos", para os três hospitais da região, situados em Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Horta.
Em terrenos digitais, e porque "o futuro já chegou", é proposta uma "transformação digital dos Açores", com processos simplificados de acesso aos serviços públicos regionais, um campo para o empreendedorismo digital e o potenciar da "telesaúde", recorrendo a "meios técnicos de diagnóstico remoto".
As próximas eleições para o parlamento açoriano decorrem em 25 de outubro.
Nas anteriores legislativas açorianas, em 2016, o PS venceu com 46,4% dos votos, o que se traduziu em 30 mandatos no parlamento regional, contra 30,89% do segundo partido mais votado, o PSD, com 19 mandatos, e 7,1% do CDS-PP (quatro mandatos).
O BE, com 3,6%, obteve dois mandatos, a coligação PCP/PEV, com 2,6%, um, e o PPM, com 0,93% dos votos expressos, também um.
O PS governa a região há 24 anos, tendo sido antecedido pelo PSD, que liderou o executivo regional entre 1976 e 1996.
Vasco Cordeiro, líder do PS/Açores e presidente do Governo Regional desde as legislativas regionais de 2012, após a saída de Carlos César, que esteve 16 anos no poder, apresenta-se de novo a votos para tentar um terceiro e último mandato como chefe do executivo.
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