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Eurodeputados esperam que UE rejeite "ilusões britânicas" no comércio

Eurodeputados portugueses do PS, PSD, CDS, PAN e BE anteciparam hoje "negociações difíceis" entre Bruxelas e Londres para um futuro acordo comercial entre os dois blocos, e afirmaram esperar que a União Europeia (UE) não ceda às "ilusões britânicas".

Eurodeputados esperam que UE rejeite "ilusões britânicas" no comércio
Notícias ao Minuto

13:17 - 11/02/20 por Lusa

Política Brexit

"<span class="news_bold">Vai ser, certamente, uma negociação difícil, e só no final é que saberemos se o cenário de não existir acordo foi evitado ou se está apenas adiado", declarou o eurodeputado socialista Pedro Silva Pereira.

Falando aos jornalistas portugueses à margem da sessão plenária do Parlamento Europeu, na qual foi abordada a futura parceria da UE com o Reino Unido após o 'Brexit', o eleito do PS, que também é membro do grupo diretor da assembleia europeia para o processo, vincou que o bloco comunitário vai tentar "construir uma relação política e económica sólida com este grande vizinho que é o Reino Unido", mas terá em conta as suas "linhas vermelhas".

"O senhor Boris Johnson [primeiro-ministro britânico] tem de se confrontar com a realidade das coisas e há muitas ilusões do 'Brexit' que, simplesmente, não podem ser cumpridas", apontou Pedro Silva Pereira, indicando que "as regras sanitárias, os direitos dos consumidores em geral, a segurança alimentar, mas também as questões ambientais, sociais e laborais são (...) muito importantes para a UE" e terão de ser salvaguardadas.

Pelo PSD, Paulo Rangel observou que "há áreas em que há maiores proximidades" entre Londres e Bruxelas, mas antecipou "dificuldades muito grandes" em questões como o mercado interno, as pescas, a defesa e a segurança interna.

Já falando sobre o apertado prazo para negociações, o eurodeputado social-democrata considerou que "a UE não se vai deixar intimidar por o prazo ser muito curto", já que tem uma "posição de força muito grande" face ao Reino Unido, em termos comerciais.

Para o eleito do CDS, Nuno Melo, "a grande dificuldade num acordo europeu está na circunstância dos diferentes interesses estratégicos em relação ao Reino Unido que os países vão tendo".

"Não é a mesma coisa falar do relacionamento da França com o Reino Unido a propósito das pescas e da sua proximidade geográfica, ou um país de Leste, pese embora os seus interesses comerciais também prevaleçam, ou até o relacionamento com Portugal tendo em conta a balança comercial", exemplificou o centrista, notando que esta situação "quase motiva os países a tentar parcerias bilaterais".

Francisco Guerreiro, do PAN, afirmou ter "grandes dificuldades em compreender como é que se consegue fazer, num ano, um acordo tão complexo como este, em várias áreas como a ciência, educação, trocas comercias, trocas económicas e as transações financeiras".

Ainda assim, destacou que "a UE está unida e a trabalhar no sentido de fazer uma proposta razoável para todas as partes", pelo que a seu ver deve "continuar a falar numa voz só e não tentar começar com acordos bilaterais".

Pelo BE, José Gusmão referiu que "já se sabia que com Boris Johnson iria ser complicado" chegar a um acordo, mas apontou também um "problema do lado das instituições europeias".

"Houve uma inversão de prioridades e a equipa negocial da UE parece hoje mais preocupada em proteger as mercadorias europeia do que os cidadãos europeus", lamentou, defendendo que "a margem negocial que a UE tem, que é muita, deve ser usada em primeira ordem de prioridade para proteger os cidadãos europeus".

Já o eurodeputado João Ferreira, do PCP, assinalou que dentro da UE existe "um bloco muito heterogéneo composto por 27 países que têm interesses muito diversos nesta negociação".

Por isso, a seu ver, o Governo português deve "acautelar os interesses de Portugal e da comunidade portuguesa que vive e trabalha no Reino Unido", devendo, "além de ter papel ativo nestas negociações que decorrem no quadro da UE, (...) salvaguardar, por via bilateral, a construção de um quadro de cooperação futura com o Reino Unido".

O Reino Unido saiu oficialmente da UE em 31 de janeiro, mas continua a aplicar as regras da UE durante um período de transição que termina no final deste ano, período durante o qual o primeiro-ministro, Boris Johnson, pretende concluir negociações complexas sobre um novo acordo de comércio livre.

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