Louçã acusa Costa de "animosidade" na diferenciação de antigos parceiros
Fundador do Bloco de Esquerda comentou a aprovação do Orçamento do Estado 2020.
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Política Francisco Louçã
Francisco Louçã fez considerações, na noite desta sexta-feira, no seu espaço de comentário político semanal na SIC Notícias, sobre a aprovação do Orçamento do Estado 2020 (OE2020).
O fundador do Bloco de Esquerda (BE) começou por dizer que a aprovação do OE2020, na generalidade, não foi uma surpresa porque, "os partidos já tinham dado a indicação de voto, garantindo que só o PS votava a favor, não havia votos contra suficientes na Direita para o derrubar". Contudo, agora que vai começar o debate na especialidade, começam as incertezas.
"Vai começar o debate na especialidade e talvez aí se possa, não só aferir nas negociações que PCP e BE fizeram - e o PAN também -, mas também saber se alguns dos pontos fracos do Orçamento vão ser corrigidos ou não", explicou.
Para o bloquista não há dúvidas que o OE2020 "tem elementos de continuidade" e não altera algumas regras tributárias e de políticas de proteção social "em que houve progressos importantes". Mas tem uma novidade, "a que o Governo quis dar o máximo realço", que é o superavit orçamental, que é, para Louçã, "politicamente vantajoso para o Governo, mas prejudicial do ponto de vista das negociações".
"[O superavit] abre a porta a todo o tipo de pressões setoriais havendo reconhecimento de uma folga orçamental, cujo efeito na redução da dívida é quase insignificante. Em contrapartida, estes recursos, podiam ser usados para gastar agora o que no futuro breve pode ficar muito mais caro", defende.
Além desta crítica ao Executivo de Costa, o antigo líder do BE, acusa o Governo de estar a tentar fazer um "jogo político" com os antigos parceiros para conseguir "um ou dois votos" no Orçamento, uma estratégia que não vingou e à qual atribuí as culpas ao primeiro-ministro.
"O Governo não podia deixar de negociar mesmo que animosidade do primeiro-ministro, que parece motivar muito esta estratégia de diferenciação dos seus antigos parceiros, possa empurrá-lo nesse sentido. É um erro político para o Governo. Os eleitores do PS não aceitariam que o PS quisesse uma negociação com o PCP e não com o BE, porque há um campo comum de reivindicações e de políticas públicas, em que há fortes entendimentos e fortes convergências entre estas forças. Fazer um jogo político neste contexto para um resultado tão escasso para conseguir o Orçamento com um voto ou dois era um risco que o PS, mesmo que quisesse, não podia arriscar-se a fazer", sublinhou.
A proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2020 foi hoje aprovada na generalidade na Assembleia da República, com votos a favor do PS, abstenções de BE, PCP, PAN, PEV, Livre e dos três deputados do PSD eleitos pelo círculo da Madeira e votos contra de PSD, CDS-PP, Chega e Iniciativa Liberal.
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