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Rio quer "usar Parlamento para fazer campanha eleitoral interna"

Ex-líder do Bloco falou do debate do Programa do Governo no seu espaço habitual de comentário na SIC Notícias.

Rio quer "usar Parlamento para fazer campanha eleitoral interna"

Francisco Louçã falou sobre o debate do Programa do Governo no seu habitual comentário às sextas-feiras na SIC Notícias. Para o economista, "entre o programa escrito e as declarações que o primeiro-ministro foi fazendo, surgiram algumas novidades, até mesmo no discurso de apresentação do programa". E aponta sobretudo três: a ideia do Governo de fazer chegar a 750 euros o salário mínimo, o fecho das centrais termoelétricas em 2021 e 2023 e "alguma vontade de limitar a pressão urbanística" com os vistos Gold, pelo menos nas grandes cidades

Já nas questões da Habitação ou da Saúde "não se ultrapassou, no programa do Governo, a fraseologia genérica" e isto "é problemático".

Para Louçã houve ainda "um fracasso": "No debate do Programa do Governo, o Executivo anunciou que nos quatro anos queria fazer mais 10 mil milhões de investimento público. A medida seria boa se não estivéssemos num nível tão excepcionalmente baixo de investimento público". Se isto se realizar "chegaremos, porventura, a metade da média histórica do investimento público em Portugal nas últimas décadas"

O comentador defende que "é o momento certo para fazer investimentos" e "Portugal está a perder a possibilidade de fazer esses investimentos com esta política de superavit. É uma má estratégia".

O ex-líder bloquista chamou ainda a atenção para "um sinal político interessante": "O primeiro-ministro veio sugerir que poderia haver uma política menos financista ou menos dependente da ortodoxia do Ministério das Finanças, sendo que Mário Centeno não falou no debate". "Sabendo que ele sairá no próximo verão, há aqui uma espécie de faseamento do seu afastamento", continuou. 

Quanto ao PSD, Rui Rio quis mostrar "com uma bancada bastante fiel, que escolheu a dedo" que "queria fazer uma oposição frontal ao primeiro-ministro levantando, aliás, um conjunto de casos que merece ser discutido: a concessão do lítio". 

O líder da oposição "quis ter um tom forte e teve esse tom forte até porque, não tendo concorrência do CDS - que está muito marginalizado - novos partidos à Direita criam algum empecilho", que António Costa "aproveitou, concentrando sobre o Iniciativa Liberal para desvalorizar Rui Rio".

Deste primeiro debate mostra-se, considera Louçã, "que Rio quer usar muito esta plataforma parlamentar para fazer a sua campanha eleitoral interna".

Em relação aos novos partidos, Louçã diz que "não há grandes surpresas em nenhum dos três". O Chega "limita-se a repetir a rábula do cigano e da crítica aos ciganos e isso não leva muito longe", enquanto o Iniciativa Liberal e o LIVRE tiveram uma entrada "com mais fulgor"

Até ao debate, Joacine Katar Moreira "fez entrevistas com muita força e com muita expressão e mostrou, sobretudo, que tem uma nova agenda para o partido". Já o Iniciativa Liberal "procurou jogar com uma série de lugares comuns do discurso liberal que são pouco consistentes". Vai ser interessante, diz o comentador, "ver como estes partidos vão condicionar sobretudo o PSD ou, no caso do LIVRE, o PS"

Quanto à resposta de PCP e Bloco em relação a uma eventual 'pressão' do PS, o comentador considera que notou que, "sendo o discurso de Jerónimo de Sousa bastante cauteloso em relação ao Governo, o de João Oliveira foi mais demarcado e mais explícito em dizer 'não nos podem encurralar'". Porque o Governo, acrescenta, usou uma "estratégia de: 'não temos maioria absoluta mas governaremos como se tivéssemos porque vocês não podem fazer nada e não podem votar contra medidas fundamentais do Governo, caso contrário teríamos uma crise política'". 

Questionado se o Governo fez uma tentativa de condicionar a Esquerda e de a tornar 'refém', Louçã diz que se trata de "substituir o diálogo pela chantagem ou pela pressão, pelo menos"

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