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Rocha Andrade explica nomeação de sobrinha de militante e ataca PSD

Reagindo ao caso das ligações familiares no Governo, o vice-presidente da bancada parlamentar do PS não poupa nas críticas ao PSD considerando este assunto não um debate político mas sim “um desarranjo intestinal”.

Rocha Andrade explica nomeação de sobrinha de militante e ataca PSD
Notícias ao Minuto

08:20 - 05/04/19 por Melissa Lopes

Política PS

Fernando Rocha Andrade socorre-se do Facebook para explicar, num longo texto, as nomeações que fez ao longo dos 30 meses em que foi governante. Nesse tempo, nomeou um chefe de gabinete e mais 11 pessoas para funções de assessor ou especialista. Uns foram saindo e outros foram substituídos, prossegue. Dessas 12 pessoas, esclarece, três eram militantes do PS (“e um militante do PSD, já agora”). Rocha Andrade diz que nem conhecia 11 destas pessoas antes ser nomeado, havendo apenas um caso em que conhecia a pessoa em questão.

“É uma jovem, militante do PS da minha distrital, de quem tinha (e tenho) ótima impressão, que estava a concluir o mestrado em fiscal na Católica Tax e a estagiar no departamento fiscal de uma sociedade de advogados em Lisboa – competências não irrelevantes nos Assuntos Fiscais”, justifica.

Acontece que essa jovem é sobrinha de um amigo de “mais de 20 anos” de Rocha Andrade, o tipo mais escrupuloso e dedicado com quem tive o privilégio de trabalhar, que é o Jorge Vultos Sequeira". 

"Esse amigo foi dois anos depois eleito Presidente da Câmara de São João da Madeira, o que só faz desta cidade uma cidade com sorte. E eis um caso", sublinha. 

Para o socialista, não foi irrelevante que Catarina fosse sobrinha do Jorge, “desde logo porque se não fosse essa circunstância eu provavelmente não a conheceria”. “E conhecer as pessoas não é irrelevante numa nomeação de confiança pessoal e política”, argumenta, frisando que Jorge Sequeira nunca lhe sugeriu que convidasse a sobrinha.

Em suma, nas nomeações feitas “havia assim três militantes socialistas, um dos quais familiar de outro militante socialista (nem autarca era na altura), num total de 8 ou 9 pessoas que me assessoravam - nunca foram mais que isso em simultâneo”.

"Há pessoas que evitam a clareza porque a barafunda moral lhes convém"

Depois da explicação, Rocha Andrade vira-se para os críticos, designadamente para o PSD, o único partido a levar a questão das famílias no Governo para o debate quinzenal com o primeiro-ministro, no dia em que o secretário de Estado do Ambiente pediu a demissão do Governo por ter nomeado um primo (que pediu a demissão no dia anterior).

“Pergunto então se não devo ficar irritado quando o líder parlamentar do PSD, naquele jeito de varina tresloucada que se lhe conhece, pergunta se o PS não consegue nomear gente competente e tem que recorrer a familiares. Se não devo achar disparatado que se diga que o Governo funciona ‘em família’”.

Para o socialista, “é evidente que tais caracterizações não têm qualquer sentido”. “São daquelas coisas que só se podem dizer por estupidez ou por má-fé. E é claramente o segundo caso”.

O antigo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais aponta o dedo aos críticos que muito têm falado de "bom senso" e "ética republicana", mas que ainda não conseguiram explicar, "em que medida" a sua  escolha foi "insensata" ou "violou qualquer princípio ético". 

"Porque se queremos falar de ética, então convém fazer o exercício de dizer qual é a regra, qual o imperativo universalizável que está em causa e é violado (...). Só sabendo que regra é essa é que eu posso orientar o meu comportamento: posso ou não posso nomear a sobrinha de um militante? Tenho ou não que a exonerar quando o tio ganha umas eleições? Qual é o grau de parentesco relevante, e de parentesco com quem, para eu saber o tamanho da árvore genealógica que teria que ter pedido a todos os meus outros adjuntos, que ignoro sinceramente se são ou não primos de algum socialista?", questiona, depois de António Costa ter sugerido, no debate quinzenal, a definição dessas mesmas regras.

Rocha Andrade não acredita que alguém o faça, até porque, acusa, "há pessoas que evitam a clareza porque a barafunda moral lhes convém". "De caminho, vão alargando a malha a parentescos cada vez mais distantes com um universo cada vez maior de pessoas, a afinidades que até já são do passado, ou vão mesmo inventado parentescos que não existem", atira, indo mais longe no tom: 

"Isto não é debate político, é desarranjo intestinal. Quem quer censurar, explicite o critério ético da censura e esteja disponível para o mesmo exercício no seu próprio universo. Se não o faz nem está, que vá à merda porque não há pachorra"

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