O cenário político nacional ficou hoje marcado pela notícia que revelou que o vereador da Câmara Municipal de Lisboa, Ricardo Robles, comprou um imóvel em Alfama por 347 mil euros e tentou vendê-lo por 5,7 milhões de euros.
Para Francisco Louçã, qualquer político tem que estar consciente que tem que “se habituar que será escrutinadíssimo na sua vida pessoal e profissional” e que “não se deve irritar com esse escrutínio” que é normal.
Mais especificamente sobre o caso em concreto, o fundador do Bloco de Esquerda frisou que o vereador bloquista “fez um contrato protegendo o casal de idosos” que vivia no prédio em causa permitindo que ficasse a pagar 170 euros de renda por uma casa renovada.
“A verdadeira pergunta é esta: onde é que há contratos por 170 euros em Alfama num prédio reabilitado?”, questionou o comentador, referindo que estamos a falar de “um exemplo muito importante” que é o de permitir que “pessoas idosas não sejam afastadas da zona onde viviam e poderem viver de acordo com as suas possibilidades económicas”.
Do ponto de vista político, Francisco Louçã não tem dúvidas ao afirmar que “Ricardo Robles teve hoje a sorte da sua vida e que foi o PSD pedir a sua demissão”.
“De repente o debate político passou a ser de outra natureza”, acrescentou, considerando ser “absolutamente extraordinária” a posição do PSD, uma vez que “não há nenhuma razão para este pedido [de demissão]”.
“Foi essa a sorte dele, o momento em que o debate deixou de ser sobre como ele se deve comportar em função das suas coerências e passou a ser o debate sobre o pedido de demissão. Aí ganhou o dia”, rematou no 'Tabu' da SIC Notícias.
Recorde-se que Ricardo Robles deu hoje uma conferência de imprensa na qual explicou todo o processo que envolve a compra do prédio e sua tentativa de venda. O vereador bloquista garantiu que procedeu de "forma exemplar", afastando as críticas e rejeitando o pedido de demissão feito pelo PSD.