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População do sisão em Portugal reduziu para metade na última década

Um estudo desenvolvido por investigadores do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO-InBIO) mostra que a população nacional do sisão, uma ave ameaçada em Portugal, reduziu para quase metade na última década.

População do sisão em Portugal reduziu para metade na última década
Notícias ao Minuto

15:45 - 23/01/18 por Lusa

País Estudo

Neste estudo, que deu origem a um artigo publicado hoje na revista científica PeerJ, a equipa demonstrou que a rede de áreas protegidas estabelecida pela União Europeia "não está a ser eficaz" na conservação do sisão, cuja população nacional desceu 49%, informou o CIBIO-InBIO em comunicado.

Segundo a nota informativa, as Zonas de Proteção Especial (ZPE), parte integrante da Rede Natura 2000, foram criadas para a conservação de aves e abrangem as regiões do país com as populações mais importantes de sisão, que, na Europa, têm decrescido nas últimas décadas devido à perda de habitat, em consequência da intensificação agrícola.

A equipa comparou as tendências da população do sisão no período entre 2003 e 2006 com as de 2016, em 51 áreas (21 das quais dentro das ZPE), observando que, proporcionalmente, o decréscimo foi maior fora dessa zonas do que dentro.

"No entanto, em números absolutos, os maiores decréscimos na densidade populacional registaram-se dentro das ZPE", lê-se no comunicado.

Para João Paulo Silva, investigador do CIBIO-InBIO referido no comunicado, a "mera designação de Zonas de Proteção Especial em áreas agrícolas não é suficiente para preservar populações de aves", sendo necessárias políticas agrícolas e investimento para manter não apenas a disponibilidade, mas também a qualidade do habitat.

De acordo com o investigador, somente dessa forma serão garantidas as necessidades biológicas das espécies.

As "áreas Natura 2000 beneficiem de mecanismos legais para impedir mudanças estruturais na utilização das terras", condicionando "a conversão de terras agrícolas em floresta ou a instalação de infraestruturas, como estradas ou linhas elétricas de transporte de energia, sem que haja avaliação de impacto e medidas compensatórias", acrescenta o comunicado.

No entanto, e segundo a explicação avançada pelos investigadores, o que tem acentuado o declínio da população de sisão em ZPE é a degradação da qualidade dos 'habitats'.

"Nos últimos dez anos, verificou-se uma conversão significativa de áreas de agricultura extensiva em pastagens permanentes, acompanhada por um aumento do encabeçamento do gado", explicou João Paulo Silva.

Este processo de intensificação, continuou, pode afetar a estrutura da vegetação e, em última instância, a qualidade das pastagens para a reprodução da espécie, expondo os indivíduos ou famílias à predação.

Os resultados deste estudo, lê-se na nota informativa, reforçam a importância de estabelecer um esquema adequado de gestão de habitat.

"Em duas das mais importantes ZPE, Castro Verde e Vale do Guadiana, as populações de sisão mantiveram-se estáveis ou aumentaram durante o período em análise", tendência que coincidiu "com as áreas onde se verificou uma adesão significativa de agricultores a um programa agroambiental que promove a agricultura extensiva", acrescentou.

Com este programa agroambiental, "o 'habitat' de reprodução do sisão é favorecido, pois são estabelecidos limites para a intensidade do gado nas pastagens", concluiu o comunicado.

Além de João Paulo Silva, o artigo "EU protected area network did not prevent a country wide population decline in a threatened grassland bird", desenvolvido no âmbito da Cátedra REN em Biodiversidade CIBIO-INBIO, contou com os investigadores Ricardo Martins, Marcello D'Amico e Francisco Moreira.

O sisão é uma ave típica do Alentejo, parecida com uma abetarda - a ave europeia mais pesada - em miniatura. É possível identificar o macho pelo seu pescoço preto com riscas brancas e a fêmea pela cor acastanhada.

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