Passados quase quatro meses do desaparecimento do material de guerra do Paiol de Tancos, eis que, depois de uma denúncia anónima, há precisamente uma semana, foi encontrado o arsenal em falta – quase na totalidade - , num terreno na Chamusca.
Vasco Lourenço, que sempre se questionou acerca da veracidade do assalto/roubo, diz ao Notícias ao Minuto ter ficado, por um lado, surpreendido que tenha sido encontrado o material, uma vez que admitia que o mesmo já “tivesse zarpado para bem longe”. Por outro lado, defende, as condições em que o material foi recuperado só vêm confirmar a sua tese da “farsa”.
“A haver furto (como parece ter havido) ele terá sido feito por autênticos amadores… E nada me convence que a farsa não teve como uma das suas finalidades o aproveitamento político, anti-Geringonça”, atira.
Quanto ao facto de o material em causa ter sido encontrado no dia em que a ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, se demitiu, Vasco Lourenço diz que essa é mais “uma circunstância que ajuda” à sua teoria de farsa. Coincidência?, perguntamos. “Custa-me acreditar em coincidências felizes...”, faz sobressair, demonstrando não acreditar que os cabecilhas do assalto vão ser descobertos. “Gostaria de acreditar”, diz, mas “já não tenho idade para acreditar em fadas”.
O presidente da Associação 25 de Abril está convencido de que todo este caso fragiliza o Exército (que ontem celebrou o seu dia), mas “não como alguns comentadores tentaram e tentam fazer crer”.
Do caso “ressaltam dois ‘pormenores’”. O primeiro ‘pormenor’ é a constatação da existência de “maus elementos, diria mesmo criminosos, no seio do Exército (que se prestam a desempenhar os papéis de ladrões de material de guerra, ainda por cima ladrões de pacotilha”. O segundo ‘pormenor’ é, para o coronel, “a redução à situação calamitosa”, que faz com que o Exército “não tenha meios – materiais, financeiros, mas principalmente humanos – para ser uma instituição devidamente apta ao cumprimento de todas as missões que o poder político lhe atribui, mas especialmente de todas a que o povo continua a pensar pertencer-lhe”.
Nesse sentido, e com base no que o país espera que as Forças Armadas sejam e tenham, Vasco Lourenço apela a "que todos – políticos e militares - cumpram os seus deveres: uns dotando as Forças Armadas dos meios necessários e suficientes para o cumprimento das missões, outros utilizando esses meios de modo a cumprir cabalmente essas missões”, finaliza o coronel.