Produtor de Almeirim oferece "700 a 800 toneladas" de batata à população
Um produtor começou hoje a despejar, num terreno na Zona Industrial de Almeirim, "700 a 800 toneladas" de batata que não está a conseguir escoar e que oferece à população, apelando a que não comprem este produto nos supermercados.
© iStock
País Santarém
António José Madureira disse à Lusa que está a oferecer "batata de qualidade extraordinária", em quantidade que dava para "inundar o país", uma vez que o mercado "bloqueou" e não consegue colocá-la à venda.
"O problema agora já nem é o preço", disse, afirmando que tem ainda 17 hectares de batata para apanhar e que esta não pode ficar na terra, por prejudicar as produções seguintes, pelo que prefere oferecê-la à população.
António Madureira afirmou que, ao prejuízo por não vender, vai ter que juntar ainda o custo de arrancar a batata da terra, que estimou em 500 a 600 euros por hectare.
O agricultor disse que, além de o mercado nacional estar "bloqueado", se viu impedido de exportar batata por problemas na certificação, uma vez que esta zona é afetada pela praga "epitrix".
Questionado pela Lusa, o Ministério da Agricultura afirmou estar a acompanhar a situação destes agricultores, tendo-se reunido com a principal organização representativa dos produtores de batata.
Segundo fonte do gabinete de Capoulas Santos, o ministério "está a equacionar a possibilidade de lançar uma linha de apoio à armazenagem temporária deste produto por forma a permitir o seu lançamento no mercado apenas quando os preços estiverem mais favoráveis".
Esta é uma das medidas pedidas ao Governo pela Porbatata, que denunciou a quebra significativa dos preços pagos aos produtores.
Contactado pela Lusa quando, no passado dia 10, foi despejada batata nos parques de estacionamento de três grandes superfícies em Salvaterra de Magos, também no distrito de Santarém, o presidente da Porbatata, António Gomes, afirmou que os preços não dão "para pagar nem um quarto do custo de produção", originando "prejuízos enormes".
António Madureira disse à Lusa que a última batata que vendeu foi paga a 10 cêntimos o quilograma, quando depois é vendida nas grandes superfícies a 70, 80 cêntimos, situação que disse estar a acontecer igualmente com o melão e a melancia, que também produz.
"Estamos a ficar rotos. Este ano cai tudo", disse.
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com