Pedro Passos Coelho deverá passar os próximos dois dias no distrito pelo qual foi eleito deputado, o de Vila Real, e em Bragança, cidade que visita pela primeira vez, no sábado, na qualidade de primeiro-ministro.
A carreira aérea Bragança/Vila Real/Lisboa, suspensa há meio ano pelo Governo, não consta da agenda oficial, mas os autarcas locais prometem colocar o assunto na ordem do dia.
O presidente da Câmara de Bragança, Jorge Nunes, afirmou hoje à agência Lusa que “gostava imenso que ele pudesse dar boas notícias”, nomeadamente que estão reunidas as condições para lançar o concurso para retomar os voos.
A ligação, que se realizava há 15 anos entre Trás-os-Montes e a capital, foi suspensa a 27 de novembro de 2012 com o argumento de que o modelo de financiamento tinha de ser revisto.
O Governo chegou a apontar para março o lançamento do concurso de concessão, mas o processo ainda não teve desenvolvimentos.
O autarca de Bragança, o social-democrata Jorge Nunes acredita que nesta visita à região, o primeiro-ministro “há de trazer alguma razão justificativa do impedimento, se ainda existir, ou da resolução, se já poder tomar”.
Questionado pela Lusa, o presidente da Câmara de Vila Real, o social-democrata Manuel Martins, referiu que vai aproveitar a deslocação do primeiro-ministro ao distrito para abordar o assunto.
Os aeródromos municipais que serviam de base à carreira aérea são da responsabilidade das duas autarquias, que continuam a custear a manutenção, apesar de o movimento ter diminuído, com seis funcionários em Bragança e cinco em Vila Real, além de outras despesas como seguros.
Segundo o diretor do aeródromo de Vila Real, Henrique Baptista, desde a suspensão da carreia em novembro, foram registados 235 movimentos neste equipamento.
O responsável salientou que ali aterram já alguns turistas que visitam o Douro e empresários, ligados principalmente à produção de vinho, que vêm à região em negócios.
Henrique Baptista referiu ainda que o aeródromo tem vindo “a afirmar-se como a principal base do norte do país” no combate aos fogos florestais.
Dois dos quatro aviões anfíbios que fazem parte do dispositivo de combate aos fogos em Portugal ficam ali sediados durante o verão. A infraestrutura alberga em permanência um pelotão do Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro (GIPS) da GNR.
A atividade mantém-se também em Bragança, embora seja menor do que quando se faziam os quatro voos diários entre a capital e Trás-os-Montes.
A proximidade com a fronteira faz com que esta infraestrutura seja procurada pelos vizinhos espanhóis, mas também por aeronaves do norte e centro de Europa, aeroclubes, turistas e alguns voos empresariais, segundo o presidente da Câmara.
O autarca sublinhou que “o aeródromo é estratégico para Bragança, que nos últimos anos tem promovido o conceito de centralidade” com base nesta infraestrutura localizada na interligação de vias terrestres europeias, como a A4 ou E82 e próxima do TGV espanhol.
Jorge Nunes defende que “devia ser rentabilizada com as ligações aéreas a manterem-se e a crescerem para outros espaços europeus”.