"Naturalmente fui encontrar a criptoméria [a espécie mais comum da fileira florestal no arquipélago] e a partir daí foi um percurso que nunca mais acabou", declarou hoje à agência Lusa Gonçalo Belmonte, que trabalha neste projeto há seis anos.
O empresário, de 49 anos, natural de Alenquer, distrito de Lisboa, que utiliza madeira certificada e não certificada, sempre procurou produzir uma prancha em madeira, tendo começado por investir noutros materiais que assegurassem qualidade e garantissem sustentação dentro de água, tendo a criptoméria dado essas garantias.
Gonçalo Belmonte explicou que a sua preocupação passou por criar uma prancha de surf que "pudesse ser compatível com as necessidades de performance que hoje em dia se exigem", colocando-se, assim, o problema na necessidade de diminuir o peso.
"Quando se pensa numa prancha de madeira pensa-se num surf diferente, mais clássico, com menos performance. O que está a acontecer com a nossa produção nesta altura é que chegámos a um processo que nos permite criar pranchas com um nível de performance muitíssimo razoável e com pequenas diferenças de peso relativamente a pranchas normais", disse o promotor.
Gonçalo Belmonte explicou que estas pranchas têm uma "durabilidade superior", mantendo a sua característica principal", que é a criptoméria, encontrando-se o projeto numa fase de produção "menos artesanal e semi-industrial".
O empresário declarou que as resinas usadas na prancha "são muito ecológicas comparadas com as normais", podendo as pranchas ser adquiridas 'on-line' e em lojas da especialidade, mas o objetivo passa, também, por internacionalizar o negócio e chegar a mercados, além do nacional, como França, Espanha ou países nórdicos.
"A viragem da indústria para a ecologia é uma tendência que está a acontecer e que é muito mais compreensível em mercados internacionais", considerou.
Segundo Gonçalo Belmonte, a prancha "Breklim", nome de um veleiro de madeira fabricado pelo pai na década de 60, nasceu de uma "paixão que cruza dois mundos, o amor de transformar a madeira em objetos de culto e o prazer de entrar no mar e surfar as ondas".
De sexta-feira a domingo, no âmbito da presença dos Açores na Bolsa de Turismo de Lisboa, o empresário vai fazer a demonstração das pranchas em criptoméria no Centro Comercial Vasco da Gama.
Atualmente nos Açores assiste-se a um "boom" na prática de surf.
O concelho da Ribeira Grande, cujo município avançou com o registo da marca 'Ribeira Grande -- Capital do Surf' junto do Instituto Nacional da Propriedade Industrial, acolheu em setembro do ano passado cerca de 600 atletas que participaram em três provas internacionais de surf.