Em Lisboa, Alentejo e Algarve "20% dos cães" podem ter leishmaniose

Esta segunda-feira foi apresentada uma vacina para prevenir a leishmaniose canina, que promete mudar o rumo da doença nos animais e nos humanos. O Notícias ao Minuto falou com o presidente dos Laboratórios Leti para saber um pouco mais sobre a leishmaniose.

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Anabela de Sousa Dantas
21/02/2017 07:40 ‧ 21/02/2017 por Anabela de Sousa Dantas

País

Jaime Grego

Jaime Grego, presidente dos Laboratórios Leti, falou com o Notícias ao Minuto sobre a leishmaniose canina, sobre a incidência desta doença em Portugal e sobre a vacina apresentada esta segunda-feira, que promete dar um passo além na prevenção da mesma.

Quantos animais estão infetados pela leishmaniose canina em Portugal?

Dados que sei, concretamente: há um conjunto de países, Portugal, Espanha, França, onde há mais cães infetados. Em Portugal, as áreas de prevalência maior da leishmaniose, sendo a prevalência em função de quantos mosquitos há, são Lisboa, Alentejo e Algarve. Nessas zonas, até 20% dos cães podem estar infetados. Este é um dado enganador quando se dá percentagens porque parece que se tem a certeza. Mas é muito difícil porque é uma doença que pode estar durante vários anos sem sintomas. (…) É uma estimativa que tem em consideração toda uma série de dados. Mas é importante ter em conta o risco. Se nestas zonas de grande prevalência um em cada cinco cães pode estar infetado e pode desenvolver a doença é uma percentagem séria.

A Letifend é uma vacina preventiva?

É uma vacina preventiva. O dono do cão, se quiser que o seu cão não tenha leishmaniose, tem de ter em conta uma série de dados: o primeiro, é uma vez por ano, a vacina. Mas além da vacina, para que o sistema imunitário do cão esteja ativo e responda se for afetado pelo parasita, é preciso que haja o menor contacto possível com o parasita, ou seja, matar os mosquitos com inseticida e usar repelentes. Em terceiro lugar, em zonas onde há muita prevalência de mosquitos, é não deixar os cães ao ar livre na altura do amanhecer e do anoitecer, as alturas em que os mosquitos mais picam. Evidentemente, não é preciso ficar paranoico, mas estas são as medidas necessárias.

Notícias ao Minuto

Quais são os sintomas da leishmaniose canina a que os donos devem estar atentos?

Os mais claros são os de caráter geral. O cão perde peso - não tem de ser necessariamente leishmaniose mas se o cão está a perder peso há que estar atento e levá-lo ao veterinário. Perde apetite, fica adormecido, fica com febre, vómitos, diarreia, fica com a pele inchada e com comichões, perde pelo, fica com conjuntivite. Há vários sintomas e podem não ser importantes mas se acontecem mais vale falar com o veterinário para prevenir.

Qual é a incidência da leishmaniose nos humanos?

A informação que tenho com respeito a Portugal é que há uns 15 casos de doença em humanos por ano. No resto da Península Ibérica, é muito parecido. Aquilo que sabemos é que, com o aquecimento global, o mosquito está a chegar mais ao Norte e, então, em países onde até agora não havia mosquitos já há. Estamos a falar, por exemplo, da Alemanha e do sul dos Estados Unidos.

Qual é a diferença entre a vacina Letifend e as que já existem no mercado?

A grande diferença é que ao ser uma proteína quimérica desenhada com engenharia genética que nasce de fragmentos das mesmas proteínas do parasita, esta proteína, a que chamamos proteína Q, sozinha tem a capacidade de potenciar a reação do sistema imunitário. Ou seja, cada vez que se vacina um cão, reforça-se o sistema imunitário do cão. E não há nenhum risco de que haja efeitos secundários. O único efeito secundário da Letifend que detetámos é que, em cerca de 10% dos cães, durante quatro horas coçam-se onde foram picados. Não é muito grave. [risos]

Notícias ao Minuto

Em que medida é a Letifend é um passo para o desenvolvimento da vacina para a leishmaniose humana?

Para começar reduzimos a população de parasitas dentro dos cães, portanto quando menos cães existirem com parasitas mais difícil é passar para os humanos. (…) Ajuda à saúde humana que haja menos cães ‘reservatório’, isto é uma definição da OMS, ou seja que mantêm uma população de parasitas dentro deles, como uma incubadora.

Quando surgirá uma vacina contra a leishmaniose para humanos?

Há um ponto fundamental a ter em conta quando falamos na indústria farmacêutica. Tem-se um produto e depois a Agência Europeia do Medicamento ou a Food and Drug Administration (FDA, na sigla em inglês) aprovam o produto. As exigências de demonstração de eficácia do produto em ensaios clínicos são muito mais altas em humanos do que em animais. (…) Para uma doença que tem estas características, de funcionar de maneira assintomática durante tanto tempo… As autoridades têm que, connosco, ver como podemos desenvolver uma vacina e mesmo que consigamos já, temos de demonstrar que é eficaz. E depois autoriza-se o uso. (…) Não estamos a falar de três ou cinco anos, estamos a falar de um esforço muito superior.

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