Paulo da Cruz, de 41 anos, assassinou a tiro esta noite o pai, a mãe e a avó no Largo das Alminhas da localidade de Faíscas, concelho de Montemor-o-Velho. Depois suicidou-se.
Contudo, antes dos crimes deixou, cerca das 21h00, uma mensagem enigmática na sua página de Facebook.
Regressou a Portugal há cerca de três meses após ter estado emigrado no Luxemburgo alegadamente devido a um problema no trabalho. Sinais de revolta foi isso que manifestou na publicação na rede social, dirigindo-se ao Sindicato dos Trabalhadores (OGBL) no Luxemburgo.
“Agradeço à OGBL por tudo o que me fizeram… Corruptos de primeira ordem. Não aguentei mais. Peço desculpa aos de mais. Senti-me envergonhado e sem apoio. A pior situação de um ser humano. Espero que à minha pseudo-filha a ajudem. As secretas da União Europeia são da pior espécie”, lê-se na mensagem.
Refira-se que Paulo da Cruz estaria também envolvido num processo no qual recusava a paternidade de uma criança.
O crime terá ocorrido pouco antes das 21h00 desta quinta-feira, tendo o alerta sido dado pela vizinhança. A GNR montou então uma operação que durou sete horas e se prolongou madrugada dentro, sendo que meios de Lisboa prestaram assistência.
Quando os militares da GNR entraram na residência já o homem estava sem vida. Segundo o coronel João Seguro, da GNR de Coimbra, o suicídio de Paulo da Cruz foi com um tiro de caçadeira, a mesma arma que usou para matar os pais e a avó.
Os homicídios aconteceram na sequência de uma discussão durante um lanche-ajantarado em família. Amigos e familiares que participavam no encontro ter-se-ão ausentado do local assim que se aperceberam de que o agressor estava à procura da sua caçadeira.
Dorinda Gonçalves, prima do homicida, contou à SIC os momentos de pânico vividos. “Estava tudo tão bem, nós estávamos a conversar e de repente, vira-se e diz aos pais que eles iam ter um fim triste”, adianta.
“Foi para o quarto, esteve lá um bom bocado fechado e pensámos que ele tinha ido descansar, mas não. Ele depois apareceu com a arma. O primeiro tiro ainda passou pelos ouvidos do meu marido. O alvo era o pai”, acrescenta Dorinda.
A prima explica ainda que antes de tudo acontecer ele estava a brincar com a filha dela, de oito anos, mas que de repente se irritou. Perante aquela situação, ela, o marido e a filha só viram uma alternativa: a de ir embora.
Já um amigo de longa data de Paulo da Cruz conta, também à estação de Carnaxide, que nada fazia antever esta ação. “Somos amigos há muitos anos, ele era emigrante e quando vinha cá de férias caçava comigo. Era uma pessoa pacata. Não conheço nada que justifique esta atitude”, afirma.
Neste momento estão no local elementos da Polícia Judiciária a recolher indícios para perceber como tudo aconteceu.