O autarca deslocou-se hoje à tarde à freguesia de Arnas, de onde era natural o casal José Manuel e Amélia e o irmão desta, João, que tinha casado em Palhais, uma aldeia do concelho vizinho de Trancoso.

"Estive com os pais do senhor José Manuel e com uma irmã e coloquei-me à disposição para tudo o que fosse preciso", disse à agência Lusa.

Carlos Silva Santiago referiu que está também a acompanhar de perto a situação da mãe de Amélia e de João, uma idosa que nos próximos dias completa 90 anos e se encontra no Lar da Santa Casa da Misericórdia de Sernancelhe.

"É uma situação muito chata porque, com estas duas mortes, a senhora perdeu os filhos todos", lamentou, acrescentando que ainda no ano passado lhe tinha morrido um outro filho.

O autarca confirmou que, além da Páscoa, a celebração dos 90 anos da idosa foi outro dos motivos da vinda de José Manuel, Amélia e João a Portugal.

"Da última vez que estiveram cá, já tinham programado que viriam aos 90 anos da mãe. Aproveitavam o facto de ser Páscoa e viviam os dois momentos", contou, considerando "uma tragédia muito difícil de ultrapassar", estar à espera dos filhos, para comemorar, e perdê-los num acidente.

Segundo Carlos Silva Santiago, neste momento não há muito que a Câmara de Sernancelhe possa fazer além de estar disponível para ajudar em tudo o que for preciso.

"Há uma consternação muito grande em todo o povo, mas também uma grande solidariedade", frisou.

Ana Cristina Dias, que é a responsável pelo rancho folclórico da Associação Colarni, de Arnas, disse à Lusa que a notícia do acidente "foi um balde de água fria para toda a gente" da aldeia.

"A aldeia tem muitas pessoas emigradas, mas nestas festas regressa toda a gente", contou, considerando que a Páscoa este ano não vai ser vivida com a mesma alegria.

Os 12 portugueses, com idades entre os 7 e os 63 anos, morreram na sequência de um choque frontal entre a carrinha em que seguiam e um veículo pesado, cerca das 23:45 de quinta-feira, na estrada nacional 79, perto de Lyon, na localidade de Moulins (centro).

O único sobrevivente dos 13 passageiros da carrinha é o condutor, um jovem de 19 anos, também português, que foi hospitalizado em estado de choque.

O procurador público de Moulins, Pierre Gagnoud, anunciou que as autoridades vão averiguar se a carrinha, com capacidade até seis passageiros segunda a marca, tinha condições para transportar 13 pessoas.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e os primeiros-ministros português, António Costa, e francês, Manuel Valls, expressaram condolências às famílias das vítimas, que viajavam da Suíça para passarem a Páscoa em Portugal.