De ourives a guarda-noturno em Gondomar

Um antigo ourives e um ex-vigilante mudaram de vida para se tornarem guardas-noturnos em Gondomar, juntando à necessidade de um investimento inicial a coragem necessária para trabalhar em horas e zonas que não fáceis.

Securitas termina 'lay off' e  200 trabalhadores retomam horário

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Lusa
12/03/2016 11:06 ‧ 12/03/2016 por Lusa

País

Mudança

Pedro Faria, de 40 anos, e Pedro Abreu, de 34, preencheram duas das três vagas que a Câmara Municipal de Gondomar quis criar em 2015 para ter esse serviço de vigilância na União de Freguesias de São Cosme, Valbom e Jovim.

Dezasseis anos ourives por conta própria, Pedro Faria viu-se sem trabalho e a necessidade fê-lo inscrever-se no concurso aberto pela autarquia "onde se apresentaram várias pessoas, pensando que iriam auferir um salário", disse à Lusa o guarda-noturno que seis noites por semana, intervalada por uma de folga, faz a vigilância em São Cosme.

"A ausência de um salário mais a necessidade de avançar com dinheiro para adquirir a farda e material - a união das freguesias avançou com 100 euros, mas o valor total atingiu os 500 euros - fez com que muitos desistissem, pelo que me encontro só nesta missão", explicou o primeiro guarda-noturno em Gondomar desde há "25 ou 30 anos".

Com experiência de lidar com pessoas pelos 16 anos passados como empresário na área da ourivesaria e nas novas funções desde novembro, Pedro Faria reparte o seu tempo "entre a vigilância e o contacto com comerciantes e moradores" a quem, socorrendo-se de um folheto e de uma ficha de inscrição, procura sensibilizar para a sua função e, ao fazê-los associados "conseguir o dinheiro para compor o salário".

"Tenho já associadas 80 pessoas e já recuperei o investimento inicial", revelou Pedro Faria que a partir do próximo verão contará com a companhia e colaboração do "Gino", nome nascido das iniciais de guarda-noturno, com que batizou o pastor alemão que recentemente comprou.

Pedro Abreu é desde janeiro o primeiro guarda-noturno de sempre em Valbom, uma profissão que abraçou "depois de nunca ter conseguido entrar para a polícia" mas pela qual optou depois de pedir "para sair da empresa de vigilância" onde trabalhava.

Inserido numa zona de "muita criminalidade", o vigilante deu conta de "dificuldades para conseguir angariar associados", um comportamento que, frisou, "deriva do facto de ser uma atividade nova em Valbom".

"Eu faço um contacto direto, porta a porta, apresentando-me e aos meus serviços e algumas pessoas recebem-me com desconfiança, acabando por ligar ou para a junta de freguesia ou para a PSP a confirmar quem sou", relatou à Lusa.

Com cerca de "45 associados entre comerciantes e moradores", Pedro Abreu defende "ser preciso coragem para trabalhar numa zona onde quase tudo de mau é resolvido à bala" e em que, "logo na terceira noite, evitou que dois indivíduos assaltassem um café e noutra que outros roubassem combustível de um estaleiro".

Mas a noite não traz apenas sustos e Pedro Abreu até já assistiu a situações cómicas motivadas por "pessoas em pijama, às 03h00, a pôr sacas do lixo na rua" ou outra, "de um indivíduo embriagado que estava a bater num sinal de trânsito".

Ambos os vigilantes fazem as respetivas rondas de carro, situação que permitiu a Pedro Faria, numa ocasião, acorrer "rapidamente a uma tentativa de assalto a um supermercado, acabando por não ir além do vidro partido".

As rondas decorrem entre a meia-noite e as 6 da manhã.

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