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Eutanásia divide médicos. "Não é o caminho" ou "o paciente decide"?

Muito já se tem dito sobre a questão da eutanásia, mas este continua a ser um tema que divide opiniões, mesmo dentro da classe médica.

Eutanásia divide médicos. "Não é o caminho" ou "o paciente decide"?
Notícias ao Minuto

07:43 - 20/02/16 por Patrícia Martins Carvalho com Zahra Jivá

País Exclusivo

Um cirurgião geral do Centro Hospitalar de São João, no Porto, disse ao Notícias ao Minuto, que não é nem a favor, nem contra a eventual realização de um referendo ao assunto.

“Não tenho opinião formada”, começa por dizer, embora não veja a despenalização da morte assistida como um “caminho” que deva ser seguido.

O médico de 33 anos, que não quer ser reconhecido pelas suas posições, lembra que os médicos são treinados para “salvar vidas”, mas não descarta a possibilidade de estes especialistas terem “abertura para compreender” quem queira pôr termo à própria vida através da morte assistida.

“Considero apenas o sim para a eutanásia se os casos forem analisados individualmente”, refere, apontando de imediato o outro lado da ‘moeda’.

Se por um lado este especialista admite que se recorra à eutanásia para casos muito graves, por outro lado o especialista sublinha que, ainda assim perante tais casos, esse “não é o caminho”.

“Por exemplo, a Hepatite C vitimava diversos pacientes, mas entretanto foi encontrada uma cura. Há doenças que podem vir também a conhecer uma cura e, por isso, parece-me arriscado permitir a eutanásia”, remata.

Opinião distinta tem uma anestesiologista do mesmo centro hospitalar, no Porto, que à semelhança do primeiro testemunho, também não quer dar a cara.

“Mas a eutanásia surge em que circunstâncias? Não pode ser em qualquer tipo de doença”, diz a especialista ao Notícias ao Minuto, explicando de seguida que a morte assistida deve ser aplicada “apenas a doentes terminais, casos em que não é possível uma reversão”.

Tendo em conta a sua experiência profissional, a anestesiologista sublinha que “há pacientes que passam semanas, meses e anos em sofrimento”.

“Mas o sofrimento não é só deles, é de todos à sua volta”, adverte.

Então quem deve decidir? “O paciente”.

No que a pacientes que já não estejam na capacidade das suas faculdades mentais diz respeito, a anestesiologista defende que a única maneira de contornar esta questão é as pessoas fazerem um “testamento enquanto têm todas as suas capacidades mentais onde exprimem as suas intenções”.

Quanto ao manifesto em defesa da despenalização da morte assistida, que foi assinado por 100 personalidades da sociedade portuguesa, a especialista é perentória: “Este manifesto deve existir para obrigar as pessoas a pensarem no assunto”.

Antes de concluir, a anestesiologista avisa: “Vai ser complicado, não se pode generalizar”.

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