Daesh: "Nenhum país está a salvo como potencial alvo"
Bernardo Pires de Lima, investigador do Instituto Português de Relações Internacionais da Universidade Nova de Lisboa e habitual comentador de política internacional em alguns órgãos de comunicação nacionais, defende, em declarações prestadas ao Notícias ao Minuto, que o combate ao terrorismo no Ocidente não tem uma solução rápida.
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País Opinião
Feitos os balanços de final de ano, em termos de crises internacionais, os últimos dozes meses foram verdadeiros desafios para líderes de vários países. A ação de grupos extremistas como o autoproclamado Estado Islâmico tem conquistado mais espaço na opinião pública, devidos aos ataques levados a cabo em países ocidentais, acabando por se descortinar o caos e o rasto de destruição que esta organização deixa em países muçulmanos.
Os resultados desta espécie de ‘lei da barbárie’ incutida pelo islamismo radical começaram este ano a sentir-se em força nas costas e nas fronteiras da Europa, tornando-se aqui as opiniões em temas fraturantes e pouco consensuais, estando na sua base, no entanto, o desespero e a fuga à guerra (e à morte) de milhares de pessoas.
Em declarações ao Notícias ao Minuto, Bernardo Pires de Lima, colunista do Diário de Notícias e comentador de política internacional na RTP1 e da Antena 1, refere que a luta ao terrorismo ainda é um longo caminho a percorrer.
“A luta antiterrorista feita pelo Ocidente tem o sucesso que o seu conhecimento sobre o fenómeno permitir, a coordenação que os serviços de informação ditar e as parcerias com os parceiros árabes e islâmicos deixar. Nestas três vertentes ainda estamos muito longe de qualquer êxito”, indicou o autor de ‘A Síria em Pedaços’ (Tinta-da-China, 2015).
O investigador Instituto Português de Relações Internacionais sublinha que se conhece hoje “mais do que há dez anos” e que existe mais “partilha de informação” mas que ainda será “um longo percurso”.
“Não há, por isso, soluções ótimas e rápidas, mas é preciso cortar os canais de financiamento, minar o recrutamento e a radicalização sobretudo online, destruir militarmente os meios militares destes grupos, contribuir para estabilizar algumas guerras civis que os alimentam (Síria, Iraque, Líbia, Afeganistão, Iémen) e trabalhar mais e melhor com as comunidades muçulmanas moderadas que habitam nas capitais ocidentais. São elas as principais prejudicadas pelo crescimento do radicalismo islâmico e pelo terrorismo”, esclareceu.
Quando questionado sobre a credibilidade de uma possível ameaça a Portugal, Bernardo Pires de Lima apontou que “nenhum país está a salvo como potencial alvo”. “De qualquer forma, há países mais interessantes para os objetivos deste terrorismo islâmico do que Portugal”, terminou.
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